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Thiago Soares lança espetáculo ‘Trans Point’, no qual mergulha em suas diferentes referências coreográficas

Crédito da foto: Divulgação

Atualizado

Transição. Transformação. Thiago Soares está em movimento. E não apenas no palco. Após dançar 18 anos no prestigioso Royal Ballet de Londres, decidiu tornar-se um artista independente, voltar para o Brasil e criar um centro de dança, o Studio TS + Dança, além do projeto ‘Talentos’. Esses novos passos levaram ao espetáculo “Trans Point – Art of fusion”, que será apresentado dia 16 de janeiro, no Rio de Janeiro, e dias 12, 13 e 14 de fevereiro 02, 03 e 04 de abril, em São Paulo.

O salto principal de Thiago foi rumo a um maior controle criativo de sua própria carreira. “Entendi que era o momento de assumir todas as etapas da minha história. Pensar no projeto que quero realizar, conceber a proposta artística, criar as coreografias, fazer as minhas escolhas. Como bailarino eu não tinha esse poder de decisão”, explica.

Balé marca o retorno do bailarino aos palcos e também a estreia do projeto ‘Talentos’, criado pelo próprio Thiago, que assina a direção geral e coreografias do espetáculo.

O Studio TS + Dança começou a funcionar no Rio em março de 2020, com aulas para bailarinos profissionais ou não. Dentre os artistas que procuraram a companhia, Thiago selecionou oito para compor o grupo especial do Projeto ‘Talentos’, com o qual desenvolveu o espetáculo ‘Trans Point’, que chega aos palcos pela primeira vez. Thiago assina a concepção, direção geral e coreografia do balé, além de estar em cena. “O ‘Trans Point’ é uma obra plástica, um espetáculo que fala sobre a nossa nova forma de fazer o que a gente já faz, os novos códigos, as diferentes possibilidades e aonde é que juntamos nossas linhas, jornadas e caminhos e, assim, podemos nos ajudar”.

O espetáculo é composto por sete atos: alguns mais curtos, com três, sete minutos de duração; outros mais longos, totalizando uma hora e vinte. O formato em si já aponta para um pensamento original na concepção de um balé, que tradicionalmente costuma ter, no máximo, três ou quatro atos. A intenção de Thiago é trabalhar com códigos diversos e propor uma nova forma de pensar um formato já cristalizado. Ele estará em cena em três atos: um solo, um dueto e um número coletivo. O solo conta com a participação especial do tenor Geilson Santos.

‘Trans Point’ é um mergulho coreográfico nas origens de Thiago Soares. Não à toa, tem como subtítulo ‘The art of fusion’. “É uma análise pessoal e traz todo o acervo de movimento que eu já tive o prazer de dançar até hoje. Elementos de capoeira, do street dance, da dança urbana, do balé clássico e de todos os códigos que eu já acessei”, explica. “Por ser uma análise pessoal coreográfica de movimento, conversa também com esse tempo que tivemos que acessar tudo o que temos, todo mundo que a gente gosta, que é relevante”, complementa.

Para Thiago Soares, ‘Trans Point’ não quer se ater a rótulos – seguindo uma tendência do momento da dança, que busca abrigar diferentes vertentes de expressão. O artista indaga se não seria uma nova forma de ver o clássico. Ele propõe uma reflexão, mas busca suas próprias respostas: “estamos em um lugar mais democrático com relação ao movimento e um mundo mais globalizado, com alta tecnologia e todas essas possibilidades de troca. Concebi um espetáculo de dança com bailarinos profissionais e, sem dúvidas, os elementos básicos da dança clássica, o DNA está ali. Um bailarino que não tivesse os elementos da dança clássica não conseguiria fazer esse trabalho, porém propus vocabulários, palavras e elementos de outras fontes que são bem diferentes do balé clássico. Então, diria que é uma obra de dança contemporânea”.

Gestado em meio à pandemia, ‘Trans Point’ imprime esse instante no qual o mundo se encontra, lidando com o distanciamento físico. Nasceu em ensaios por vídeos e que foram retomados presencialmente com as devidas precauções sanitárias, mas ainda assim marcados por essa fase da impossibilidade do toque, das conversas esparsas, que tem a máscara como elemento essencial no convívio. “Esse momento influencia qualquer trabalho, não apenas na dança, mas de todas as pessoas. Acho que o espetáculo tem uma certa frieza, mas, ao mesmo tempo, é muito robusto emocionalmente e acredito que isso conversa muito com o que estamos passando”, reflete. “Hoje em dia, evitamos nos tocar e estamos de máscara. Temos, a todo tempo, o tabu do distanciamento social, mas, dentro de nós, tudo que a gente mais quer é abraçar alguém, beijar, fazer parte de um coletivo, seja uma festa, uma igreja, todas essas coisas que não podemos mais. ‘Trans point’ é também sobre essa restrição emocional que, de alguma forma, estamos tendo que aprender a lidar”, define.

A estreia nacional é o marco definitivo do novo movimento do artista Thiago Soares. E ela vem justamente no instante no qual o mundo está em busca de respostas. O que fazer? Por que fazer? No caso específico de Thiago, ele se questiona: por que dançar? O que busca dizer? “Hoje eu tenho a responsabilidade, como diretor do meu grupo, de escolher muito bem os temas que quero falar e o motivo de falar deles. Quem acompanha minha carreira sabe que eu sempre fui um artista muito lúdico, me agarrando em sonhos e jornadas surreais, que pudessem tornar-se realidade. Sempre estive sonhando na minha carreira e acho isso muito lindo. Contudo, nesse momento, a gente está num lugar muito orgânico, do coletivo, um verdadeiro choque de realidade. Então, eu senti que isso precisava estar evidente na minha dança e nos meus bailarinos”, conclui.

Os muitos saltos de Thiago Soares

Thiago Soares é bailarino com mais de 20 anos de carreira internacional. Já dançou em grandes teatros como La Scala de Milão, Ópera de Roma, Metropolitan Opera House, de Nova York, Bolshoi, de Moscou, e o Royal Opera House, em Londres, entre outros. É o único brasileiro ganhador da medalha de ouro do concurso internacional de dança, do Teatro Bolshoi, e da
medalha de prata no concurso internacional de dança de Paris. Possui ainda a Ordem do Mérito Cultural, mais alta honraria concedida pelo governo brasileiro na área cultural.

O bailarino dançou com as maiores estrelas da dança mundial como Svetlana Zakharova, Marianela Nuñez, Sylvie Guillem, entre muitas outras. Foi tema de documentários, como ‘Primeiro Bailarino’, da HBO, além de um novo longa metragem da Globo Filmes, em fase de produção.

Thiago segue com residência fixa em Londres, mas permaneceu este período no Brasil, para a implementação do Studio TS + Dança e do Projeto ‘Talentos’. Ele seguirá nos principais palcos do mundo, fazendo colaborações com o próprio Royal Ballet, seja como bailarino convidado ou mesmo coreógrafo e professor.

Projeto Talentos

Os integrantes do Projeto Talentos estarão em cena com Thiago Soares em ‘Trans Point’. Segundo Thiago, o espetáculo nasceu de forma muito orgânica. “O trabalho foi criado no corpo dos bailarinos, mas com a minha direção, o tempo inteiro. Sou um coreógrafo que gosta de fazer parte de cada nuance do movimento. É muito bonito poder fazer essa troca e dar vida aos passos”, celebra.

Serviço

Trans Point – Art of fusion
Studio TS + Dança
Dia 16 de janeiro de 2020
Sábado, às 20h
Local: Teatro Riachuelo
Rua do Passeio, 38/40 – Centro, Rio de Janeiro – RJ
Ingresso: de R$ 50,00 a R$ 120,00
Vendas on-line: https://bileto.sympla.com.br/event/66933

Dias 02, 03 e 04 de abril de 2020
Sexta, às 21h30, sábado, às 21h, domingo, às 20h
Local: Teatro J. Safra
Rua Josef Kryss, 318 – Parque Industrial Tomas Edson, São Paulo – SP
Ingressos: a partir de R$ 50,00
Vendas on-line: https://www.eventim.com.br/artist/thisoares/

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