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Videodança Lua Negra inspirada na personagem mitológica Lilith será lançado no YouTube

Crédito da foto: Fabiana Ribeiro

A videodança Lua Negra, concebida pela artista da dança Cibele Ribeiro, será lançada no dia 25/11 no canal do Youtube da artista e tem no total oito exibições programadas até o dia 5/12, de quinta a sábado às 20h e domingo às 19h. A obra propõe uma reflexão corporal, poética e política sobre a construção da estigmatização e violência sofrida pela mulher a partir da personagem mitológica de Lilith. A videodança proporcionará acessibilidade ao público surdo por meio da tradução em libras. A classificação indicativa é de 16 anos.

Referências para a criação

Segundo os textos hebraicos do Talmud e Zohar, Lilith foi a primeira mulher criada por Deus e banida por não ser submissa. A partir deste mote, a videodança Lua Negra apresenta a personagem Lilith como cerne da construção de “papéis femininos” nas diversas culturas, numa perspectiva feminina e feminista. A dramaturgia é uma cocriação de Cibele Ribeiro e de Juliana Calligaris, que também assina a direção artística e roteiro original de Lua Negra. O processo criativo da videodança se deu no universo da dança contemporânea, na fronteira com o teatro, a performance e o vídeo.

Partindo da concepção inicial de Cibele Ribeiro, a atriz e diretora Juliana Calligaris, propôs para a criação a técnica performativa do Rasaboxes, desenvolvida por Richard Schechner e originada na antiga Índia, derivada da dança templária  e cênica. Cada “rasa” (sabor, sumo, essência) gerou uma ação performativa/coreográfica da bailarina e corresponde a um local cênico da videodança, gravada totalmente em locações externas. A criação cênica integrou ainda um trabalho de autoficção proposto pela diretora, integrando performer e personagem.

A trilha sonora foi especialmente composta pelo compositor, arranjador e multiinstrumentista André Mehmari e partiu da mesma concepção das cenas, levando em consideração cada vale percorrido pela personagem em sua jornada. Tem como base o piano, instrumento principal do artista, mas conta com diversos outros instrumentos como percussão, violoncelo, rabeca, dentre outros, além de sonoplastia específica, criando estímulos sensoriais e sonoridades que dialogam com a obra.

Nesta videodança, gravada em diversas locações externas, a dançarina tece cenicamente reflexões, sensações e emoções sobre as relações de poder entre homens e mulheres estabelecidas pelo patriarcado, a subjetividade e o corpo feminino, o amor e o amor-próprio, a sexualidade, a culpabilidade e a solidão da mulher. A direção de fotografia e filmagem de Lua Negra foram realizadas por Ivana Cubas.

Inspirado em passagens do livros sagrados do Talmud e Zohar, memórias pessoais e imaginação das artistas criadoras (bailarina e diretora), o média metragem conduz o público por uma perspectiva de Lilith diferente daquela do imaginário judaico-cristão, relacionando-a à figura da Grande-Mãe na perspectiva pagã e das deusas femininas que eram veneradas na Antiguidade, na crença de que o Universo foi criado por uma divindade feminina e está presente em quase toda parte (a Mãe Natureza). “Essa narrativa se perde com o fortalecimento do imaginário judaico-cristão e a partir de então, a mulher passa ao imaginário coletivo de divindade a demônio. Culpada por reivindicar a igualdade entre os gêneros, Lilith, instinto renegado de Deus, será banida, iniciando um processo de sombrio de autoexílio, o que fará com que seja associada a um demônio noturno, portadora de mal-estares, doenças e até mesmo da morte”, explica Cibele Ribeiro.

Esta temporada de exibições online da videodança faz parte do projeto “O Que Somos Quando Esquecemos as Perguntas” foi contemplado pelo edital emergencial ProAC Expresso Lei Aldir Blanc – ProAC LAB 48/2020 – Prêmio por Histórico de Realização em Dança – Categoria diretores e coreógrafos, com recurso advindo do Governo Federal, através do Governo do Estado de São Paulo/Secretaria de Cultura e Economia Criativa. A produção executiva e gestão financeira é de Wannyse Zivko (Arte & Efeito) e a produção é de Cibele Ribeiro.

O projeto ofereceu entre agosto e setembro de 2021 uma oficina sobre dança autoral com orientação de Cibele Ribeiro visando a difusão de atividades formativas em dança, priorizando os participantes autodeclarados negros/indígenas, transgêneros e mães solo. Além disso, registrou em vídeo a versão para palco da montagem “Lua Negra”.

Sobre Cibele Ribeiro

Currículo Cibele Ribeiro (DRT/SP: 24.799) –  Bailarina, improvisadora, coreógrafa, preparadora corporal, diretora, pesquisadora, educadora, produtora audiovisual e artística. Mestre em Artes Cênicas pela UFRN e graduada em Ciências Sociais pela UNICAMP, realizou  monografia em Antropologia Visual (Multimeios). Atua em trabalhos autorais solo e coletivos como bailarina e encenadora, além de possuir produção em videodança como bailarina, diretora e como orientadora artística. Suas criações se dão no universo da dança contemporânea, na fronteira da dança com o teatro e performance, sob influência das danças brasileiras e afro-brasileiras. Possui produção intelectual publicada em sites acadêmicos e não acadêmicos. Contemplada com o Prêmio PROAC LAB por Histórico de Realização em Dança no Estado de São Paulo (categoria coreógrafos e diretores), Prêmio Trajetória Cultural – LAB no município de Campinas, SP em 2020 e Menção Honrosa em Fotografia pelo Museu da Imagem e do Som de Campinas em 2002. À convite do SESC Campinas, integrou a programação do Circuito SESC de Artes 2021 com a vivência e videoperformance “Práticas Para reencantar o Mundo, Narrativas Coreográficas On Line”, além da videodança “Crua” para a programação “Corpos em Quarentena”, ambas lançadas no canal do Youtube do SESC/Campinas. Produziu e atuou nas videodanças “Moiras- Fios do Tempo” e “System Error” para a Programação “Cultura Abraça Campinas”, da Secretaria de Cultura de Campinas, SP. Atuou na montagem “Imatéria” (2017-2018), apresentada no SESC/Campinas em 2018 e escolhida para a programação “Cartografia do Possível” do Centro de Referência da Dança (CRD) de São Paulo em 2017. Dirigiu mais de 15 espetáculos, dentre eles “Taru Andé – Que Tragédia é essa?” da Cia. Lunares (2019). Fez a orientação em videodança de “Ninguém” entre aspas, de Leila Kawanishi, selecionado para a Mostra On-line de Videodanças Corpos em Perspectiva – 2020/2021 do Centro Coreográfico do Rio de janeiro – categoria: Corpos Confinados, pré-selecionado para a Bienal Internacional de Dança do Ceará de Par. É Orientadora em Dança no Programa Qualificação em Artes – Dança da Poiesis/Oficinas Culturais, edição 2021. Foi arte-educadora da Escola de Artes Augusto Boal, em Hortolândia, SP, de 2015 a 2020, ministrando componentes práticos e teóricos na Formação Profissionalizante em Dança.

Ficha Técnica

Concepção do Projeto, Atuação, Coreografia e Dramaturgia: Cibele Ribeiro
Direção, Roteiro e Dramaturgia: Juliana Calligaris
Trilha Sonora Original: André Mehmari
Direção de Fotografia e Filmagem: Ivana Cubas
Assistência de Filmagem: Juliana Calligaris
Edição: Ivana Cubas e Cibele Ribeiro
Direção de Arte: Cibele Ribeiro
Figurinos: Cibele Ribeiro e Samanta Marinho
Assistência de Figurino: Rose Almeida e Tais Leme
Adereços de Cena: Thiago Nastre, Tupac, Déo Piti, Rosana Lourenço Joaquim e Cibele Ribeiro
Desenho de Luz para Palco: Gisele Jorgetti
Montagem de Luz para Palco: Maíra Prates
Fotografia de Palco: Fabiana Ribeiro
Identidade Visual, Site e Fotografia de Ensaio e Locações: Ivana Cubas
Assessoria de Imprensa: Cecília Gomes
Gestão de Redes Sociais: Bruno Mourão
Catering: Rosana Lourenço Joaquim
Consultoria em Acessibilidade: Daniella Forchetti
Produção Executiva e Gestão Financeira: Wannyse Zivko (Arte & Efeito)
Produção: Cibele Ribeiro
Apoio: Barracão Teatro, Espaço Quintal, Centro Cultural Casarão e Ateliê Cozinha Lá Em Casa

Serviço

Lua Negra
Cibele Ribeiro
De 25 a 28 de novembro e de 2 a 5 de dezembro de 2021
Quinta a sábado, às 20h, e domingo, às 19h
Local: Virtualmente – no canal do YouTube: https://www.youtube.com/c/CibeleRibeiroDança
Ingresso: Gratuito
Duração: 35 minutos
Classificação indicativa: 16 anos.

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