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Sesc 24 de Maio estreia ‘Tudo que é imaginário existe e é e tem’ baseada na vida de Estamira Gomes de Sousa

Crédito da foto: Hernandes de Oliveira

O Sesc 24 de Maio recebe, nos dias 14 e 15 de janeiro, às 20h, a estreia do trabalho cênico “Tudo que é imaginário, existe e é e tem”, da E² Cia de Teatro e Dança, a partir da fala assertiva e desconcertante de Estamira Gomes de Sousa (1941 – 2011), mulher que trabalhava no aterro sanitário de Jardim Gramacho, no Rio de Janeiro, e que teve a vida apresentada no filme-documentário Estamira, de Marcos Prado.

A obra cinematográfica é carregada de falas e ensinamentos filosóficos profundos sobre o descaso público, a constante violência social e outros assuntos caros à Estamira, lida como uma mulher com distúrbios mentais, mas também como uma grande profetisa dos nossos tempos. Tudo que é imaginário existe e é e tem, uma das frases ditas por Estamira no documentário, também nomeia o espetáculo da Cia, em um solo de dança dirigido e interpretado pela dançarina Eliana de Santana. “Cada palavra de Estamira é um estupor. Fico até muito comovida em fazer esse trabalho, porque os ensinamentos dela são muito potentes, sobretudo neste momento que estamos vivendo no Brasil”, comenta a artista.

Segundo Hernandes de Oliveira, diretor de arte, cenógrafo e iluminador, o espetáculo dá prosseguimento à pesquisa do grupo que traz a palavra e a visualidade como referências para diversas possibilidades de construção no corpo e na cena. “Existe uma trilha sonora, mas também muito silêncio, pois eles são importantes para a confecção deste trabalho, assim como uma luz discreta e poucos elementos cênicos, como um carrinho de mão carregado de flores”, adianta Hernandes.

A obra busca trazer para o palco a força das palavras de Estamira em consonância com seu corpo e gestos. Como reforça a equipe de criação da E² Cia de Teatro e Dança, esses elementos foram captados com maestria no filme de Marcos Prado e funcionaram como uma espécie de guia para a criação da obra.

O documentário dirigido por Marcos Prado, base para a criação deste solo em dança, toca em várias feridas sociais, como a sedução pelo capital, o prestígio sem obra, a indiferença com o outro e o silêncio diante do horror nesses tempos de apagamento de toda singularidade. Seu testemunho não é apenas opinião, o documentário acompanha sua trajetória trágica e traz um nível maior de compreensão para a força de sua fala, nas palavras do próprio diretor.

A pesquisa artística realizada pelo grupo está alicerçada em dois modos de operação: o anônimo como tema, ou seja, aquele que tende a ser invisibilizado e a ocupar papéis restritos e pré-determinados na sociedade contemporânea e acasos na criação, pois o acaso propicia arranjos, composições e formas distintas do habitual, o que permite, dentre outras interpretações, camadas maiores de consciência do movimento e da corporeidade.

O sujeito anônimo, inclusive, é uma das bases estruturais da pesquisa da E² Cia de Teatro e Dança e se personifica com Estamira, profetisa dos nossos tempos que foi barbaramente abandonada pelo sistema vigente, deixando um legado por meio de palavras filmadas ou transcritas que revelam um testemunho maior de sua visão de mundo.

A estratégia de criação se dá também em outros trabalhos da Cia, como Dos prazeres, A Emparedada da Rua Nova e das outras doçuras de deus, obra com a qual a artista Eliana de Santana recebeu, em 2011, o Prêmio APCA na categoria Intérprete Criador em Dança.

Sobre a E² Cia de Teatro e Dança

Dirigida por Eliana de Santana, atua na cidade de São Paulo desde 1996. Realiza uma pesquisa em dança contemporânea que tem como ponto de partida a referência/inspiração na literatura brasileira e na obra de diversos artistas visuais, investigando poéticas ligadas à temática do sujeito anônimo. Artista da cena, intérprete e coreógrafa, Eliana de Santana iniciou-se no teatro em 1984, estudando e trabalhando com diretores como Antunes Filho (CPT), Antônio Abujamra (no espetáculo “A Serpente”) e Gerald Thomaz (no espetáculo “Un Glauber”). Em 1996 estreia “Tragédia Brasileira”, seu primeiro trabalho autoral de dança, inspirado em texto homônimo de Manuel Bandeira. Criou o solo “Das Faces do Corpo”, inspirado na obra fotográfica de Arthur Omar. Em novembro de 2006, estreia o trabalho “Francisca da Silva de Oliveira – Chica da Silva – Um Esboço”, pesquisa contemplada com o Prêmio Funarte de Dança Klauss Vianna. Em 2008/2009, Eliana de Santana cria “… e das outras doçuras de deus”, inspirado em crônicas de Clarice Lispector, recebendo o Prêmio APCA na categoria Intérprete Criador em Dança em 2011.

Ficha Técnica

Direção e interpretação: Eliana de Santana
Direção de arte, cenografia e iluminação: Hernandes de Oliveira
Pesquisa sonora: E2 Cia de Teatro e Dança
Produção: E2 Cia de Teatro e Dança / Corpo Rastreado
Assessoria de imprensa: Canal Aberto – Márcia Marques
Assistentes: Daniele Valério e Diogo Locci

Serviço

Tudo que é imaginário existe e é e tem
E² Cia de Teatro e Dança
Dias 14 e 15 de janeiro de 2022
Sexta e sábado, às 20h
Local: Sesc 24 de Maio (Teatro – 1º Subsolo)
Rua 24 de Maio, 109 – Centro, São Paulo – SP
Ingressos: R$ 40 (inteira), R$ 20 (demais categorias)
Duração: 60 minutos
Classificação indicativa: 16 anos
Capacidade: 216 pessoas

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