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Balé da Cidade de São Paulo estreia nova coreografia em temporada no Theatro Municipal de SP

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Cena de Adastra – Foto: Clarissa Lambert

Temporada vai de 08 a 12 de junho e tem no programa uma montagem inédita, Corpus, além da remontagem de Adastra e Balcão de Amor.

Estreia, refinamento técnico e humor resumem o segundo programa do Balé da Cidade de São Paulo no Theatro Municipal de São Paulo, que também conta com a participação da Orquestra Experimental de Repertório, sob a regência do maestro Carlos Moreno. A partir do dia 8 de junho, o público poderá assistir pela primeira vez “Corpus”, que tem concepção do coreógrafo português André Mesquita, e ainda mais duas coreografias apresentadas com grande sucesso na turnê europeia deste ano: Adastra, do catalão Cayetano Soto, e Balcão de Amor, do israelense Itzik Galili. A temporada segue até o dia 12 de junho. Os ingressos variam de R$ 25 a R$ 90.

A nova coreografia do Balé da Cidade de São Paulo é inspirada em fragmentos do livro “Corpus”, do filosofo francês Jean-Luc Nancy, e propõe uma reflexão sobre o corpo que vá além da anatomia. “É um ensaio filosófico sobre o mundo e a vida. Estará presente a ideia de elevação para além das pontas e dos saltos. A outra dimensão que será retratada é a do peso, o da queda”, explica Mesquita. Em sua obra, Jean-Luc reafirma que o corpo não tem só um peso “físico”, como também um peso proveniente também da gravidade.

O coreógrafo português também afirma que esta é uma peça sobre a pele. “Como diz um dos trechos do livro do Jean-Luc: ‘um corpo é uma imagem oferecida a outros corpos, um conjunto de imagens relacionadas, de cores, sombras locais, fragmentos, grãos, aréolas, lúnulas, unhas, pêlos, tendões, crânios, costelas, pélvis, ventres, meatos, espumas, lágrimas, dentes, babas, fendas, blocos, línguas, suores, líquidos, veias, penas e alegrias, e eu, e tu”, completa.

Corpus tem duração de 30 minutos e conta com 24 bailarinos, sendo 13 homens e 11 mulheres. A diretora artística do Balé da Cidade de São Paulo, Iracity Cardoso, acrescenta que Mesquita sempre teve uma excelente relação com o Balé e que o fato de usar muitos bailarinos no palco é uma oportunidade de desenvolver muito a criatividade coreográfica. “Com grandes massas, solos, trios e bailarinas em pontas, que na dança contemporânea tem um sentido diferente quando comparamos com a “ponta” usada no balé clássico, os corpos se entrelaçam produzindo imagens de grande força estética e sentimentos diversos”, afirma Iracity.

André Mesquita já trabalhou com a companhia em outras duas ocasiões. Em 2011, quando criou “Cidade Incerta” e também, em 2014, na ópera “Salomé”, de Richard Strauss. Há cinco anos, o coreógrafo também se baseou em uma obra, no caso o trecho do “Livro do Desassossego”, de Fernando Pessoa, para elaborar os movimentos que retratavam o convívio urbano acompanhados de uma trilha sonora composta de ruídos. “Se compararmos com a densidade escura de Cidade Incerta, agora vamos fazer algo mais luminoso”, ressalta Mesquita.

O figurino fica a cargo de Cássio Brasil. “Tudo se inspira no corpo e no movimento. Os materiais são telas com transparências e tecidos lisos e planos, com poucos detalhes. A funcionalidade da roupa é o maior objetivo”, explica. Já a música é do francês Hector Berlioz e do compositor Glaucio Zangheri.

ADASTRA E BALCÃO DE AMOR

Pela primeira vez no palco do Theatro Municipal a companhia apresentará Adastra, mais recente criação do catalão Cayetano Soto para o Balé da Cidade, que também assina os figurinos e o desenho de luz para a música gravada de Ezio Bosso. A coreografia estreou no segundo semestre do ano passado no Teatro Alfa.

Para a concepção de “Adastra”, Cayetano se inspirou em uma ideia bastante peculiar: o caminho que cada um percorre para alcançar as estrelas. “Adastra para mim é uma filosofia de vida, um ponto de reflexão, como o percurso a seguir para encontrar a estrela que cada um carrega dentro de si, em definitivo, qual é a energia que nos levará à boa estrela. O caminho é uma luta pessoal para ser o que sempre se sonhou, um sonho impossível, como o de poder alcançar as estrelas. Há um mérito para chegar ao centro de Adastra porque quanto mais adversidades você encontra, mais experiência trará para a sua curta vida”, conta.

No início deste ano, a coreografia foi reapresentada na cidade de Bilbao, na Espanha, e em Ludwigsburg, na Alemanha, durante a turnê europeia da companhia. A montagem foi sucesso de público e na imprensa. O crítico Agus Perez escreveu no portal espanhol Berria que “O silêncio poderia ser cortado com uma faca. Sempre que as combinações mudavam, os bailarinos se fixavam sobre pontos de equilíbrio quase impossíveis, e ao final o público aplaudiu com entusiasmo, inclusive aplaudindo os intérpretes, como raramente temos presenciado no Arriaga (nome do teatro)”.

Outro êxito obtido no exterior e no Brasil e que retorna ao palco do Theatro Municipal é a peça “Balcão de Amor”, do israelense Itzik Galili. Uma obra cheia de energia, com um humor vivaz e sarcástico. Com música do cubano que ficou conhecido como “O Rei do Mambo”, Perez Prado, Galili fez a concepção do espetáculo após uma viagem aquele país. Inspirado pela música atemporal, ele criou uma peça na qual funde inumeráveis faíscas cômicas, sexy e absurdas.

ORQUESTRA

Todas as coreografias – com exceção de Adastra, que terá trilha eletrônica pré-gravada – serão acompanhadas pelos 96 músicos da Orquestra Experimental de Repertório (OER), sob a regência de Carlos Moreno. Com mais de duas décadas de história, a OER é hoje um dos principais grupos de formação do país, com jovens músicos com idade aproximada entre 16 e 30 anos.

SERVIÇO

ADASTRA + CORPUS + BALCÃO DE AMOR
Balé da Cidade de São Paulo
Orquestra Experimental de Repertório

De 08 a 12 de junho de 2016
Quarta a sábado, às 20h, domingo, às 17h
Local: Theatro Municipal de São Paulo
Praça Ramos de Azevedo, s/n – República – São Paulo/SP
Ingressos: De R$ 25,00 a R$ 90,00 (com meia-entrada para aposentados, maiores de 60 anos, professores da rede pública e estudantes)
Vendas on-line: Compre Ingressos

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