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Renato Vieira Cia de Dança apresenta ‘Malditos’ no Sesc Copacabana

A literatura e a poesia sempre inspiraram os processos de criação dos espetáculos da Renato Vieira Cia de Dança. Desta vez, na concepção de ‘Malditos’, elas vieram misturadas a uma certa fúria que dialoga com o momento vivido pelo país. A obra, que estreou dia 4 de janeiro, no Mezanino do Sesc Copacabana, faz parte de uma trilogia que se impôs pela impossibilidade de os coreógrafos trabalharem com outro tema que não o da realidade imediata, ou seja, repercutir através de movimentos o impacto causado pela crise política/econômica/social instalada no Brasil. Se, num primeiro momento, o lamento foi propulsor da criação (‘BLUE bonjour tristesse’, de 2017), a mudança no panorama não atenuou as dificuldades enfrentadas pelos artistas. Da raiva e da angústia começou a nascer o novo espetáculo, que apresenta dois momentos: um coreografado por Renato e que leva o nome do espetáculo, e o solo “Fu”, assinado e interpretado por Bruno Cezario. E é a criação de Bruno que aponta para o novo projeto, a ser realizado em 2020, encerrando a trilogia. Em ‘Vida (aqui estou eu)’, o tempo deverá apaziguar as paixões e definir um novo caminho artístico. Na cena, além de Bruno Cezario, estão os bailarinos Soraya Bastos, Felipe Padilha, Hugo Lopes e Wallace Guimarães.

O ponto de partida para a criação da nova obra foi a aproximação com os “poetas malditos”. Há 150 anos, os simbolistas propunham uma escrita livre, revolucionária, cheia de símbolos e musicalidade. Naquele momento, como agora, havia um desconforto com o mundo. Sentindo-se mergulhado num certo “déjà vu” dos anos de chumbo, Renato Vieira buscou a poesia melódica da época, através de referências muito fortes, que vão de Santana a Janis Joplin. A partir desses nomes consagrados, Felipe Storino partiu para a composição da trilha musical.

“‘Malditos’ bebeu de várias fontes”, sublinha Renato Vieira. “Entre referências poéticas e musicais, surgiu uma obra que passeia pelos grupos vistos como “malditos” que criaram conteúdos “insolentes” e questionadores”.

As mesmas inquietações provocaram Bruno Cezario, mas sua concepção de “Fu” parte de outras premissas resultando numa obra requintada pelo seu despojamento e pela sua apreensão do mundo. Como ele explica, “Fu é um mergulhador perdido no oceano do egoísmo de um aquário caseiro, ouvinte solitário, cego, sensível apenas aos códigos desse universo particular e finito…”.

Dividida em dois momentos, a obra faz parte de uma trilogia sobre a crise geral do país, iniciada em 2017 com ‘BLUE bonjour tristesse,’ e que será finalizada, em 2020, com ‘Vida (aqui estou eu)’.

Sobre o processo criativo

Ao longo de 2018, o trabalho foi sendo conceituado por Renato, junto com Bruno, e com contribuições do professor de teatro e escritor Rodrigo Gerstner. Inspirado pelo universo que pesquisava para elaborar todas aquelas ideias em um projeto formal, Gerstner criou a poesia “Perto do que sou”, que passou a integrar a trilha musical de Malditos, composta por Felipe Storino, que também empresta sua voz para este trabalho.

Sobre a Renato Vieira Cia de Dança

Companhia carioca de dança, em cena desde 1988, com direção geral de Renato Vieira, é reconhecida pela produção contínua de espetáculos que aliam o popular ao erudito, passando pelo experimentalismo, sem abrir mão da qualidade técnica de seus dançarinos. A companhia busca tornar acessível a dança como manifestação artística para todos os públicos, entendendo que assim atrai novos olhares para a dança contemporânea e contribui na formação de novas plateias para as artes em geral.

Ficha técnica

Direção Geral e coreografia: Renato Vieira
Codireção: Bruno Cezario
Solo “Fu”: Concepção, coreografia e interpretação de Bruno Cezario
Bailarinos: Bruno Cezario, Soraya Bastos, Felipe Padilha, Hugo Lopes, Wallace Guimarães
Iluminação: Binho Schaefer
Trilha sonora e voz em off: Felipe Storino
Poesia “Perto do que sou”: Rodrigo Gerstner
Fotografias: Bruno Veiga
Direção de Produção: Taty Ribeiro
Programação Visual: Cristhianne Vassão
Assessoria de Imprensa: Rachel Almeida
Assistente de ensaio e operação de som: Denise Mendes
Operação de luz: Jon Thomaz
Figurinos: Acervo da Cia
Idealização e elaboração do projeto: Renato Vieira e Rodrigo Gerstner

Crédito da foto: Alberto Mauricio | Bailarino Felipe Padilha

Serviço

Malditos
Renato Vieira Cia de Dança
De 24 a 27 de janeiro de 2019
Quinta a domingo, 20h
Local: Mezanino do Sesc Copacabana
Rua Domingos Ferreira, 160, Copacabana, Rio de Janeiro – RJ
Ingressos: R$ 7,50 (associado do Sesc), R$ 15,00 (meia), R$ 30,00 (inteira)
Informações: (21) 2547-0156
Classificação indicativa: 16 anos
Duração: 50 minutos
Lotação: 80 pessoas

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