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Relatos de Marco Polo inspiram criação de O Livro das Maravilhas, novo espetáculo de dança d’A Cozinha Performática

Crédito da foto: Ligia Jardim

Estreia dia 31 de outubro de 2019 na Oficina Cultural Oswald de Andrade o espetáculo O Livro das Maravilhas, livremente inspirado na obra O Livro das Maravilhas – A Descrição do Mundo, do mercador e viajante italiano Marco Polo (1254-1324). As apresentações são gratuitas.

Realizado pela A Cozinha Performática, plataforma colaborativa de pesquisa e criação em dança e performance, a obra tem direção de Natalia Barros e Marcos Moraes.

O Livro das Maravilhas surge do encontro entre corpo e palavra. Natalia Barros e Marcos Moraes pesquisaram referências históricas e poéticas em torno do mundo medieval e do oriente reveladas pelas narrativas de Marco Polo nos mais de vinte anos em que percorreu civilizações no século XIII. Interessa aos diretores-criadores colocar foco na experiência provocada pela viagem e pelo conhecimento do outro. O ponto de partida da criação é o percurso descrito por Marco Polo a Rusticiano de Pisa, romancista italiano conhecido por transpor as viagens do mercador para o papel.

Em cena, os artistas exercitam diversas linguagens artísticas. A literatura está presente por meio de textos que Natalia interpreta, sendo alguns de sua autoria e outros de escritores que correspondem às nacionalidades mencionadas. Já as artes visuais estão representadas por desenhos – feitos ao vivo por Biba Rigo – projetados na peça. Marcos Moraes interpreta Marco Polo e Natalia faz o papel de uma narradora. Biba Rigo, Isabelle Delmondes, José Artur Campos e Renato Vasconcellos se alternam nos papeis metafóricos das maravilhas encontradas pelo caminho – como animais imaginários e paisagens.

Referências

A peça propõe uma recriação da viagem do mercador Marco Polo, que no século XIII (ano de 1271) partiu de Veneza até a corte do imperador mongol Kublai Khan, atual região de Pequim, em um trajeto que possibilitou contato com civilizações até então desconhecidas pelo ocidente, como a dos povos armênios, afegãos, tibetanos, mongóis, chineses e indianos, entre outros.

“As civilizações que Marco Polo conheceu foram descritas pelos europeus como bárbaras, e no nosso trabalho queremos propor uma reflexão sobre quem realmente é esse outro. Convocar a imaginação e ampliar o imaginário é necessário para podermos acessar o próximo”, diz Natalia Barros. A diretora complementa que o “diálogo entre pessoas que não falam o mesmo idioma é uma questão que se anuncia no espetáculo e que também foi um dispositivo aplicado durante ensaios para fortalecer a afinidade entre os intérpretes”. O exercício criado pelos diretores foi inspirado por uma passagem da obra As Cidades Invisíveis, de Italo Calvino, que recria literariamente o encontro de Marco Polo com o imperador mongol.

Além de Calvino, outra referência contemporânea é a do líder indígena e escritor Ailton Krenak e de seu livro Ideias Para Adiar o Fim do Mundo. “Ele traz um pensamento ágil sobre nosso tempo. Para o autor, pensar nos povos das terras revela a nossa crise atual e nos faz rever questões que deviam abrir espaço para mudanças”, diz Marcos Moraes.

Figurino e trilha original

O figurino de Claudia Schapira e a trilha original composta por João Taubkin trazem elementos do período medieval transpostos para um contexto contemporâneo. A sonoridade ajuda a determinar os momentos de transição das cenas e cria atmosferas para cada um dos lugares percorridos. Para gerar essa alternância entre o passado e o presente, há misturas inusitadas – um exemplo é o uso de instrumentos antigos, como tambores marroquinos, e o de recursos eletrônicos que modificam a voz.

Com esse trabalho, A Cozinha Performática reforça a integração e indisciplinaridade de linguagens artísticas que defende em suas obras. “Para nós, não há uma linguagem pura na contemporaneidade, então é natural que haja elementos da dança, da poesia e das artes visuais”, finaliza Marcos.

Sobre a companhia

A Cozinha Performática é uma plataforma artística que desenvolve processos criativos e obras produzidas a partir de encontros entre profissionais de diversas sensibilidades artísticas. Criada e dirigida pelo ator, bailarino e coreógrafo Marcos Moraes, desde 2013 realiza espetáculos, performances, debates, livro, vídeos, eventos de formatos híbridos e outras ações, sempre desenvolvidas de modo coletivo e colaborativo. Da mistura de olhares, práticas e ‘temperos’ de profissionais que criam juntos, surgem as ‘dramaturgias do encontro’.

Ficha Técnica

Direção: Natalia Barros e Marcos Moraes
Com: Biba Rigo, Isabelle Delmondes, José Artur Campos, Marcos Moraes, Natalia Barros e Renato Vasconcellos
Colaboração na pesquisa cênica: Ermi Panzo
Cenário: Biba Rigo
Cenotécnico: Mauro Martorelli
Figurinos: Cláudia Schapira
Costureira: Cleuza Amaro da Silva Barbosa
Vídeo: Marcio Vasconcellos e Biba Rigo
Trilha Original: João Taubkin, gravada por Rodrigo Bragança (Estúdio Argila Produções Musicais)
Assistência: Marcio Vasconcelos
Direção técnica e luz: Mauro Martorelli
Operação de som: Marcio Vasconcelos
Preparação Corporal: Key Sawao e Vania Carvalho
Produção: Corpo Rastreado – Murilo Chevalier
Projeto Gráfico: Fernanda Porto e Samuel Tomé
Fotografia: Lígia Jardim
Assessoria de Imprensa: Canal Aberto
Rede Social: José Artur Campos
Apoio: Oficina Cultural Oswald de Andrade, Valdir Rivaben; Centro de Referência da Dança (CRDSP), Restaurante Planeta’s.
Este projeto se realiza com o apoio da 25a edição do Programa Municipal de Fomento à Dança

Serviço

O Livro das Maravilhas
A Cozinha Performática
De 31 de outubro a 30 de novembro de 2019.
Quintas e sextas, às 20h e sábados, às 18h (no dia 15/11, sexta-feira (feriado), a sessão será às 18h)
Local: Oficina Cultural Oswald de Andrade. Sala 11 (Auditório)
Ingresso: Grátis (retirar ingresso com meia hora de antecedência)
Duração: 90 minutos.

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