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Principiar envolvente tanto quanto um novo começo …

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Uma grande sala com mais ou menos oitocentos lugares, na realidade o aconchegante teatro Sérgio Cardoso, as poltronas praticamente todas ocupadas, para um delicioso fim de noite chuvoso, uma espera breve para apreciar algo, um espetáculo de dança. Será que agradará ou não?

Iluminação nebulosa, o palco tomado pela fumaça, será sonho? O Ser movimenta – se, respira, vibra energia, permanece a sensação de sonhos, talvez por conta da bela iluminação juntamente com a fumaça, o que dá uma expectativa de outro plano, seja ele qual for, talvez espiritual. Contrações, olhares, procuras, intensidades, assim contemplamos o que há de mais espetacular, CORPOS em MOVIMENTOS.

“Principiar” que teve sua reestreia na quinta feira dia 22 de maio é um espetáculo da Anacã Companhia de Dança, traz ao palco bailarinos e bailarinas completamente entregues, apaixonados, seres de uma musculatura apreciável, que dão vida para dezesseis cenas envolventes que faz com que o espectador perca alguma coisa ao piscar, como o belíssimo tapete vermelho no centro que se vai sem ao menos percebemos para o fundo do palco.

Um cenário que na sua simplicidade, envolve bambus colocados na horizontal formando se uma sofisticada cortina, que ao subir e descer nas transferências de algumas cenas torna dançante tudo o que se vê. A trilha sonora é de um dinamismo, as músicas têm uns picos envolventes, bem selecionadas, auxilia e da vida ao corpo, a luz. Luz esta tão dançante quanto os bailarinos, possível classificar como luzes dançantes se caso fosse necessário uma definição.

Os movimentos complementavam uns aos outros sem deixar uma pausa, mesmo em cenas onde encontravam se duplas e o grupo completo. Manipulação de um corpo, que ama, sofre, transpira. Encontros e desencontros. Intenso a ponto de levar o espectador aos aplausos no meio das cenas. Expressões faciais marcantes ao ponto de emocionar aquele que assiste.

Sutileza e poética prevalece. É perceptível a presença de energia ora nos membros inferiores, ora nos superiores, a pulsação do estado corpóreo do momento impulsiona a dança deles, equilíbrio, espasmos, um “brincar” contínuo, meias compondo figurinos dando o ar da graça nos deslizes bem feitos, fazendo com que a vontade de interagir fosse uma constante em quem ali só observava.

Com a direção geral de Helô Gouvêa e direção artística e coreografia de Edy Wilson o espetáculo “Principiar” mostra bailarinos que transcendem ao ar e voltam ao chão em questões de segundos, entregam se até o fim e o fim entrega se a eles, intenso, envolvente ao ponto de traçar um começar ou até mesmo esboçar um novo verbo.