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Negras Danças – Diálogos Transversais

Cada espetáculo é precedido de uma conversa do público com uma griô, artista e/ou pensadora negra, aproximando dois aspectos centrais na sustentação e transmissão de saberes nas comunidades negras, a dança e a oralidade, de forma a abrir campos de fruição e reflexão estética, ética e política sobre a presença e representação do sujeito negro na dança

Programação

21 de novembro

19h às 20h

Memória e formação em Dança
Com Sayonara Pereira
Grátis
16 anos

Noite dedicada ao encontro entre duas gerações de bailarinas, trazendo para o diálogo Sayonara Pereira, coreógrafa e professora no curso de Artes Cênicas da USP, é convidada à falar sobre suas memórias e experiências como bailarina e da importância da formação em dança.

Em seguida, no Espaço Beta, serão apresentados dois trabalhos experimentais de artistas jovens que principiam a trilhar os caminhos de uma criação autoral em dança: “Êmana”, solo de Juliana Sanso, e “Corpo-Negro, Corpo-Preso”, de Inessa Silva.

Sayonara Pereira iniciou sua experiência na dança em Porto Alegre (1966), e fez especializações no Alvin Ailey American Dance Center – New York-USA. Viveu um longo período na Alemanha (1985-2004),onde teve a possibilidade de se especializar na Folkwang Hochschule, no Tanztheater Christine Brunel, na Hochschule Für Musik-Köln, e atuar com artistas de diversas áreas. Seus estudos pós-graduados iniciaram no Instituto de Artes da Universidade de Campinas – SP (UNICAMP), que a levaram outra vez à Alemanha para estudos na Freie Universität de Berlim. Todas estas experiências se deram a partir dos diálogos desenvolvidos com diferentes mestres e estudantes destas diversas estações. Seu grande desejo é ir deixando rastros que sensibilizem e entusiasmem as novas gerações de artistas. Desde 2010 é docente na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), onde também dirige o LAPETT grupo de pesquisa integrado por alunos.

20h às 21h

Corpo-Negro, Corpo Preso
Com Inessa Silva
Grátis
14 anos

Partindo da premissa: “todas as mulheres estão encarceradas, dentro ou fora da prisão” o estudo cênico desenvolvido no Fórum de Criação Convivial- A Dança da Indignação promovido pela companhia Sansacroma, sob direção de Gal Martins, levanta reflexões sobre os diversos sistemas prisionais que perpassam a vivência do ser mulher negra. O encarceramento do corpo, ressaltado pelo projeto governamental de encarceramento massivo da população negra. Ainda além, há a esfera da subjetivação dentro dos estereótipos da mulata exportação; que faz emergir as prisões subjetivas relacionadas à classe e sexualidade, determinando os lugares sociais ocupados por mulheres negras, como também impondo a submissão e a heterossexualidade como norma.”

Ficha técnica
Orientação: Gal Martins
Artista Criadora: Inessa Silva
Assintentes de cena: Marina Alffarez e Malu Avellar
Foto: Inessa Silva

22 de novembro

19h às 20h

Interfaces da Corporeidade Racial
Com a fotógrafa Mônica Cardim
Grátis
16 anos

A partir de imagens de pessoas brancas e negras feitas pelo fotógrafo branco de origem alemã, Alberto Henschel, a fotógrafa Mônica Cardim propõe a reflexão sobre os motivos que teriam levado as representações das pessoas brancas a estarem associadas às suas identidades e as das pessoas negras, em sua grande maioria, não portarem identificação. A fotógrafa também irá abordar a representação fotográfica de mulheres negras neste período.

Em seguida, no Espaço Beta, será apresentado o espetáculo Vênus Negra, do Projeto Zona Agbara, no qual as artistas se opõem aos padrões hegemônicos de beleza, apresentando-se como corpos em constante afirmação e protesto, corpos que demarcam espaços simbólicos e geográficos.

Mônica Cardim é mestre em artes pela USP, fotógrafa, gestora cultural, educadora e pesquisadora. Identidade, ancestralidade, memória e afetos constituem a essência de sua pesquisa teórica e estética, bem como a relação existente entre representação visual e poder. Desenvolve desde 2015 o projeto Identidades Possíveis – Eu Sou Nós Somos, série de retratos fotográficos de afro-brasileiros partindo da relação que esses têm com seus cabelos crespos e cacheados. Em 2017 realizou em parceria com a Nave Gris Cia Cênica a exposição Mulheres Negras na Dança.

20h às 21h

Venus Negra – Um manual de como engolir o mundo
Com Projeto Zona Agbara
Grátis
14 anos

Através de uma singela homenagem à Saartjie, a Vênus Negra, mulher africana que há dois séculos foi exibida em uma jaula na Europa por ter proporções avantajadas, o espetáculo propõe exorcizar a condição vivida por ela, transpondo essa problemática para o nosso tempo.Corpos que se desnudam e se lançam na experiência singular de traduzir os processos que tangem suas existências e suas relações sociais.

Concepção e Direção: Gal Martins
Intérpretes Criadoras: Fabiana Pimenta, Dandara Gomes, Luciane Barros e Gal Martins
Participação Especial e Preparação Corporal: Rosângela Alves
Musicista Convidada: Analu Barbosa
Figurino: Wellington All
Letras Musicais: Fabiana Pimenta
Texto: Gal Martins
Edição de Trilha Sonora: Piu Dominó e Erico Santos
Colaboração em Arranjos Musicais: Luana Bayô
Iluminação: Natália Tavares
Fotografia: Sheila Signário
Assistente de Produção: Piu Dominó
Assessoria de Imprensa: Lau Francisco
Classificação: 14 anos
Duração: 65 minutos

23 de novembro

19h às 20h

Dança e Ancestralidade
Com Nengua dia Nkise Edangoromea (Mãe Dango)
Grátis
16 anos

Sacerdotisa do Candomblé Angola e atuante em movimentos sociais em defesa das culturas afro-brasileiras, Mãe Dango é convidada a falar das relações entre dança e ancestralidade.

Da tradição do candomblé angola, Mãe Dango é sacerdotisa no Nzo Mussambo Hongolomenha (Casa do Arco Iris). No diálogo com o espectador irá falar da presença do corpo e da dança como conexão e manifestação do sagrado.

O contato da bailarina Kanzelumuka com o Nzo Musambu Hongolo Menha (Casa do Arco-íris), templo de mãe Dango, foi definidor na construção da identidade de sua pesquisa e criação em dança, assim como dos percursos da Nave Gris Cia Cênica. O espetáculo Corredeira, de Kanzelumuka, será apresentado em seguida no Espaço Beta.

Mãe Dango foi criada em Belo Horizonte – MG, no seio de uma família negra. É descendente dos escravos que chegaram no último navio negreiro a aportar na Bahia. Seu avô foi João Pereira de Souza, também mineiro de São João Del Rei, onde a família adotou o sobrenome de origem portuguesa (de Souza) pertencente aos senhores da fazenda onde trabalhavam. Seu pai, Antonio de Souza, trazia consigo as tradições africanas, o conhecimento das ervas e das curas, sendo conhecido como “Banzu”, que significa “O Grande Pássaro Negro”. É sacerdotisa no Nzo Mussambo Hongolomenha (Casa do Arco Iris) desde sua fundação em 1978, quando ainda se chamava Tenda de Umbanda Cabocla Jurema de Tawamin. A partir de 1984, com a iniciação de Mãe Dango na tradição do Candomblé Angola a casa assume seu nome atual. Além do trabalho espiritual, Mãe Dango é atuante em movimentos sociais, ações sócio-culturais e influente em contextos político, espaços em que empenha importante luta pelo respeito e preservação das culturas de tradição afro- brasileira.

20h às 21h

Corredeira
Com Nave Gris Cia Cênica
Grátis
14 anos

Corredeira é água que inunda o corpo e o faz mover em busca de espaços locados na memória ancestral que se presentifica no acontecimento da dança. É dança mergulhada nas formas de representação próprias das culturas negras de origem banto.

Ficha técnica
Concepção, criação e interpretação: Kanzelumuka
Colaboração artística: Murilo De Paula
Iluminação: Diogo Cardoso
Arte sonora: Vagner Cruz
Figurino: Éder Lopes
Produção: Guria Q Produz
Realização: Nave Gris Cia. Cênica
Classificação indicativa: livre
Duração: 35 min

Serviço

Negras Danças – Diálogos Transversais
De 21 a 23 de novembro de 2017
Local: Sesc Consolação
Rua Dr. Vila Nova, 245 – Vila Buarque – São Paulo/SP
Ingresso: Grátis

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