Notícias

A mulher e o Ballet

Hoje meu post foi pensado para homenagear todas as Mulheres do Mundo Bailarinístico mostrando o papel feminino na história do Ballet, lembrando como algumas bailarinas em especial foram marcantes e tiveram seus nomes eternizados no mundo do ballet clássico e nas danças.

Historicamente

A história do ballet começou há 500 anos atrás na Itália. Nessa época os nobres italianos divertiam seus ilustres visitantes com espetáculos de poesia, música, mímica e dança. Quando a italiana Catarina de Medicis casou com o rei Henrique II e se tornou rainha da França, introduziu esse tipo de espetáculo na corte francesa, com grande sucesso. O mais belo e famoso espetáculo oferecido na corte desses reis foi o “Ballet Cômico da Rainha”, em 1581, para celebrar o casamento da irmã de Catarina. Esse ballet durava de 5 a 6 horas e fez com que rainha fosse invejada por todas as outras casas reais européias, além de ter uma grande influência na formação de outros conjuntos de dança em todo o mundo.

Porém quando a dança se tornou mais que um passatempo da corte, se tornou uma profissão e os espetáculos de ballet foram transferidos dos salões para teatros. Em princípios, todos os bailarinos eram homens, que também faziam os papéis femininos, mas no fim do século XVII, a Escola de Dança passou a formar bailarinas mulheres, que ganharam logo importância, apesar de terem seus movimentos ainda limitados pelos complicados figurinos.

Uma das mais famosas bailarinas foi Marie Camargo, bailarina belga, responsável por muitas mudanças técnicas e de estilos no ballet. Causou sensação por encurtar sua saia, tirou os saltos dos sapatos de balé, facilitando assim a execução de saltos mais complicados. Com o desenvolvimento da técnica da dança e dos espetáculos profissionais, houve necessidade do ballet encontrar, por ele próprio, uma forma expressiva, verdadeira, ou seja, dar um significado aos movimentos da dança.

Assim no final do século XVIII, um movimento liderado por Jean-Georges Noverre, inaugurou o “Ballet de Ação”, isto é, a dança passou a ter uma narrativa, que apresentava um enredo e personagens reais, modificando totalmente a forma do Ballet de até então. O Romantismo do século XIX transformou todas as artes, inclusive o ballet, que inaugurou um novo estilo romântico onde aparecem figuras exóticas e etéreas se contrapondo aos heróis e heroínas, personagens reais apresentados nos ballets anteriores.

Esse movimento é inaugurado pela bailarina Marie Taglioni, portadora do tipo físico ideal ao romantismo, para quem foi criado o ballet “A Sílfide”, que mostra uma grande preocupação com imagens sobrenaturais, sombras, espíritos, bruxas, fadas e mitos misteriosos: tomando o aspecto de um sonho, encantava a todos, principalmente pela representação da bailarina que se movia no palco com inacreditável agilidade na ponta dos pés, dando a ilusão de que saía do chão.

Foi “A Sífilde” – o romantismo – o primeiro grande ballet romântico que iniciou o trabalho nas sapatilhas de ponta. Outro ballet romântico, “Giselle”, que consagrou a bailarina Carlota Grisi, foi a mais pura expressão de período romântico, além de representar o maior de todos os testes para a bailarina até os dias de hoje.

As primeiras sapatilhas tinham as pontas terrivelmente pesadas para permitir que a bailarina ficasse na ponta dos pés facilmente e aparentasse leveza. Mais tarde ela foi convertida na atual constituição, onde uma “caixa” abriga a ponta dos pés da bailarina e lhe dá suporte para manter o equilíbrio.

Com o aperfeiçoamento das danças nas pontas, as mulheres começaram a ficar mais populares do que os homens nos países do ocidente europeu. Mas na Rússia e Dinamarca, países onde o ballet ainda era sustentado pelos palácios reais, os homens cresciam junto com as mulheres.

O período Romântico na Dança, após algum tempo, empobreceu-se na Europa. Isso porém, não aconteceu na Rússia. As companhias do ballet Imperial em Moscou e São Petersburgo (hoje Leningrado), foram reconhecidas por suas soberbas produções e muitos bailarinos e coreógrafos franceses foram trabalhar com eles. O centro mundial da dança transferiu-se de Paris para São Petersburgo. E em 1847, o francês, Marius Petipa, fez uma viagem à Rússia e coreografou célebres ballets. Cada ballet continha danças importantes para o Corpo de Baile, variações brilhantes para os bailarinos principais e um grande pas-de-deux para primeira bailarina e seu partner.

A primeira bailarina executa essencialmente os primeiros papéis no repertório de uma companhia de bailado. Pode também designar-se Primeira Bailarina – o nível mais alto a atingir pelos bailarinos na hierarquia.

Nos anos 90 do séc. XIX apareceram três pessoas que, simultaneamente, deram um novo interesse para o ballet na Europa e América: Enrico Cecchetti, Sergey Diaghilev e Agrippina Vaganova.

Vaganova foi aluna de Cecchetti e Petipa. Nos anos 20 e 30 do século XX, passou a trabalhar um método próprio de ensino da dança clássica, mesclando os conhecimentos dos seus mestres, redigindo-o no livro “Fundamentos da Dança Clássica”. Em 1935, seguindo ordens governamentais, Vaganova modificou o final trágico do Lago dos Cisnes por um sublime. No início do século 20, as pessoas começaram as se cansar das ideias e princípios do ballet, conforme Petipa, e buscavam novas ideias. O ballet russo, nessa altura, já era mais famoso que o francês e alguns bailarinos já tinham fama internacional, a mais famosa daquele período, provavelmente, era Anna Pavlova.

Anna Pavlova, que saiu do Ballet Russes um ano após a sua criação, fundou sua própria companhia sediada em Londres e veio ao Brasil em 1918, 1919 e em 1928.

Nessa mesma época, em reação aos limites formais e severos da dança clássica, acentuando a liberdade e expressão dos movimentos, surge uma nova tendência da dança, a Moderna. Ela surgiu simultaneamente nos Estados Unidos e Alemanha. As primeiras grandes representantes foram Loie Fuller, Isadora Duncan e Ruth St. Denis.

Marta Graham surge com ideias inovadoras e, em 1926, funda a sua companhia, a mais antiga companhia de dança dos Estados Unidos. Pode-se dizer, figurativamente, que ela é a responsável por trazer a arte da dança para o século XX. Dentre as suas inovações, a consciência de que a respiração está diretamente ligada à expressividade do movimento e o trabalho com o chão.

Na segunda metade do século XX, a alemã Pina Bausch também dá novos rumos para a dança, inclusive na maneira de criar/coreografar, tirando os movimentos do cotidiano da história de vida de cada um dos seus alunos.

No Brasil, o balé clássico teve seu primeiro impulso significativo quando das visitas ao país de companhias internacionais de renome, como a de Diaghilev (1913 e 1917) e Ana Pavlova e seu corpo de baile (1918 e 1919). Neste período, Maria Olenewa, solista de Pavlova, permaneceu no Rio de Janeiro, pretendendo introduzir o ensino do ballet clássico em moldes avançados. Este objetivo foi alcançado efetivamente em 1927 ao surgir uma escola de bailado sob sua direção no Teatro Municipal. Em 1930 a escola foi oficializada e surgiu o Corpo de Baile do Teatro Municipal do Rio de Janeiro.

Além de todas essas bailarinas citadas nesse resumo histórico bailarinístico, temos que destacar outras tantas que também tiveram enorme relevância para nossa arte. Convido vocês a lerem mais sobre grandes nomes do Ballet – clicando aqui. Também faço o convite para lerem entrevistas exclusivas com mulheres reconhecidas pela sua dança no Brasil – clicando aqui.

Foram tantas conquistas, a ideia desse post não foi dizer que o ballet é coisa de menina, mas sim destacar o papel de tantas mulheres que se destacaram e foram felizes dançando.

Fontes

⋅ Mundo Dança
⋅ Wikipédia
⋅ Wikidança
⋅ I love Ana Botafogo

Vem comemorar o dia da Mulher com a gente

http://www.mundobailarinistico.com.br/2017/02/dia-da-mulher-aniversario-do-ballet.html


Escrito por Dryelle Ameida

Publicitária, bailarina formada pela Escola Municipal de Bailado de São Paulo. Tia do ballet há mais de 10 anos. Idealizadora e gestora do blog Mundo Bailarinístico e dos seus desdobramentos.