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Lagartixa na Janela traz ao Brasil a artista Fernanda Eugenio para práticas de seu método Modo Operativo AND

A artista, antropóloga, investigadora e docente brasileira Fernanda Eugenio reside em Portugal desde 2011 e está no Brasil a convite do grupo Lagartixa na Janela para uma série de atividades relacionadas ao Modo Operativo AND, método que desenvolve há mais de quinze anos e que consolidou em parceria com o coreógrafo português João Fiadeiro em 2013, após dois anos de intensa colaboração.

Brasileira residente em Portugal há sete anos é profissional reconhecida na área pelo método que desenvolve há 15 anos, que já conta com núcleos de estudo no Brasil – em Curitiba e Rio de Janeiro – e no continente europeu, em Lisboa (Portugal) e Madri (Espanha).

A vinda de Fernanda será marcada pela oficina Modo Operativo AND: Performar o Comum no CRD (Centro de Referência da Dança para a Cidade de São Paulo) entre 7 e 14 de agosto; pela abertura da segunda temporada de encontro e prática do AND_Lab no núcleo do Rio de Janeiro, dia 11 de agosto, e também pelo acompanhamento presencial e práticas do AND com o grupo de dança para crianças Lagartixa na Janela, dirigido por Uxa Xavier. As ações são viabilizadas pela parceria do grupo Lagartixa na Janela e o CRD através do 23º Edital de Fomento à Dança.

Durante a atividade, os participantes interagem com um grande acervo de objetos que, na prática, seriam descartados. Muitas das vezes, os integrantes não se apresentam uns ao outros. “Não por desinteresse pelos indivíduos, pelo contrário – é justamente por interesse em estimular que o comparecimento e a relação se dêem através do modo como as pessoas se posicionam e daquilo que trazem para a relação, e não por demarcação identitária e territorial”, conta Fernanda Eugenio.

A artista complementa que o AND já passou por diversas mudanças desde a sua criação. Ele foi formulado, inicialmente, no campo da antropologia, como tese de seu doutorado. Os questionamentos sobre conceitos de identidade e cultura “expulsaram a prática apenas da antropologia e fundaram uma outra relação através da dança e performance”, conta. Os jogos performáticos do método, no entanto, são muito mais voltados para a experiência vivida por quem os pratica do que pela exposição pública, por exemplo.

“O método tem conexão com várias outras áreas tangentes à arte. Há uma forte relação com a psicologia transdisciplinar, pedagogias radicais em geral, formas de ativismo, artes visuais e museus, tanto nos planos educativos quanto nos de criação e instalações temporárias”, explica Fernanda. Hoje em dia o método se espalhou pelo Brasil, tendo núcleos em Curitiba e Rio de Janeiro, e no continente europeu, com sede em Lisboa (Portugal) e mais um núcleo regional Madri (Espanha). “O AND tem se firmado como uma ferramenta para um exercício franco e recíproco das convivências mais imediatas. Ele deriva de um compromisso meu de superar situadamente o descompasso entre o pensamento e a ação. Toda pesquisa e suas aplicações têm assumido um caráter cada vez mais transversal, comprometido com uma ética de vida a ser exercida cotidianamente, baseada na suficiência e no comparecimento”, diz Fernanda.

A artista conta que tem feito, desde março, acompanhamentos por videoconferência com as integrantes do grupo de dança para crianças Lagartixa na Janela, dirigido por Uxa Xavier. Nos próximos dias, Fernanda exercitará presencialmente, com as performers, a matéria dos seus trabalhos, tanto os já construídos quanto os que estão em composição.

Informações sobre abertura da 2ª Temporada de Encontros do Núcleo AND Lab Rio: https://www.facebook.com/events/262962831185037/.

Informações sobre a oficina Modo Operativo AND: Performar o Comum no CRD (Centro de Referência da Dança para a Cidade de São Paulo): https://www.crdsp.com.br/oficinas.

O AND é uma prática que consiste em uma série de jogos nos quais é possível experimentar um trabalho de composição artística sem nenhuma temática prévia ou objetivo anterior. A ideia é que a emergência da criação de cada participante seja acionada durante a atividade. O nome da prática é a tradução em inglês do conectivo “e”, que indica uma busca pelo encontro e não um saber em si.

Sobre Fernanda Eugenio

Antropóloga, artista, investigadora e docente. Trabalha com pesquisa de campo, escrita, performance ampliada, proposições urbanas situadas e, sobretudo, com a construção de modos de fazer transversais para a composição relacional e para a criação por re-materialização – nomeadamente o Modo Operativo AND, metodologia que desenvolve há quinze anos e tem vindo a ser amplamente utilizada em diversas áreas. Desde 2011 dirige a plataforma AND_Lab | Arte-Pensamento e Políticas da Convivência – com sede em Lisboa e núcleos no Brasil (Curitiba e Rio de Janeiro) e Espanha (Madrid) – a partir da qual explora os entre-lugares emergentes de uma trajetória marcada por colaborações intensivas, deslocações e desvios, entre a pesquisa académica estrita e uma investigação singular dos usos artísticos e políticos da etnografia como ferramenta circunscritiva-performativa.

É pós-doutora (2012) pelo ICS – Universidade de Lisboa; doutorada (2006) e mestre (2002) em Antropologia Social (Museu Nacional, UFRJ) e formada em Dança pela Escola Angel Vianna. No Brasil, foi Pesquisadora Associada do CESAP/IUPERJ (2003-17) e Professora Adjunta de Ciências Sociais na PUC-Rio (2005-12). Nos últimos quinze anos tem atuado como professora convidada em diversos programas de formação em ciências sociais e humanas, artes e performance na Europa, EUA e América do Sul. Suas publicações, criações artísticas e colaborações circulam por Brasil, Chile, Argentina, Peru, Portugal, Espanha, França, Itália, Grécia, Alemanha, Áustria, República Checa, Reino Unido, EUA e Vietnã. É membro do Baldio | Estudos de Performance, com quem criou o primeiro Curso Experimental em Estudos de Performance em Portugal e da R.I.A. | Rede de Investigação Artística. www.and-lab.org.

Crédito da foto: Ana Dinger 

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