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Fragmento Urbano traz ressignificação da ancestralidade em espetáculo de dança

De 9 de maio à outubro de 2018, o grupo de dança Fragmento Urbano ocupa diversos espaços da cidade de São Paulo com o espetáculo Encruzilhada. A obra transita entre danças urbanas e manifestações artísticas brasileiras, e cria um diálogo com a atualidade e a ressignificação da ancestralidade.

Encruzilhada, dialoga com as danças urbanas e as manifestações artísticas brasileiras. Circulação de documentário, rodas de conversa e a publicação de um livro também englobam as ações do grupo em nova temporada em São Paulo.

A experiência adquirida pelo grupo através de pesquisas de linguagem – onde corpo, reflexões e teorias se entrelaçam – trouxe o desejo de apresentar criações contemporâneas em regiões periféricas e marginalizadas, mantendo a discussão sobre atualidade, ancestralidade e as relações sociais que a população permeia.

“Muita gente aqui tem fome, mas não é só de comida. Tanta coisa que se tem, mas é pouco repartida e o resto que te sobra é a pobreza dividida.Trago em contrapartida minha dança encruzilhada, vivo ela a cada dia, riqueza compartilhada, tenho a barriga vazia, mas a mente engatilhada”. Trecho do espetáculo.

Contemplado pelo 23o Edital de Fomento à Dança da cidade de São Paulo, o grupo Fragmento Urbano busca dar voz ao projeto Encruzilhada: In.Corpor.Ações, que visa dar circulação ao espetáculo de dança “Encruzilhada”; ao documentário de dança “Encruzilhada: as marcas de um processo” – em diálogo com outros documentários – às vivências corpóreo-teóricas; e a publicação de um livro (marcada para dezembro), além das vivências e rodas de conversa com convidados que dialogam com a temática.

O grupo Fragmento Urbano, fundado em 2009, é formado por artistas independentes do cenário da dança. Seus trabalhos são construídos com base nas danças urbanas (Hip Hop) e vivencias das manifestações artísticas brasileiras.

O princípio conceitual do grupo ancora-se na circulação pelos mais variados espaços da zona urbana, vivenciando, em cada um deles, o público transeunte distinto. Nessa concepção, o espetáculo é fomentador da pesquisa continuada, que busca, por sua vez, encontrar na heterogeneidade social, étnica e cultural, estímulo e inspiração para suas composições.

“Quando o falar de si é falar de contextos periféricos, estes que se relacionam com a afro-diáspora, com os ameríndios e que dialogam com a ancestralidade e memórias pouco celebradas, o corpo também ganha voz. Dançar se torna palavra. Dançar a contra-história nos faz renascer. Dançar nos permite compartilhar e vivenciar o mundo, transformando em nossa encruzilhada”, contou o diretor do espetáculo, Douglas Iesus.

As atividades promovem o encontro e intercambio entre artistas e o público, todas bem integradas, conectadas e que se completam. Neste sentido, todas as atividades gratuitas, estão divididas por eixos:

Ancestralidade/Memória

Leda Martins

Mineira, Rainha do Congado do Rosário do Jatobá, é poeta, ensaísta e dramaturga brasileira. Pensadora e propositora do conceito da Oralitura e Encruzilhada na qual aprofunda os estudos acerca das culturas negra e afro-diaspóricas no Brasil. Leciona na Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais UFMG. Foi também professora convidada da New York University.

Igor Fagundes

Poeta, ensaísta, crítico de arte e literatura, jornalista, ator, Doutor e Mestre em Poética pela UFRJ. Professor de Filosofia, História e Estética nos cursos de Bacharelado em Dança, Teoria da Dança e Licenciatura em Dança na UFRJ. Autor de sete livros. A partir da Filosofia Grega antiga e da Filosofia Contemporânea, pesquisa as relações entre corpo e poética, arte e sagrado, e a desconstrução/reconstrução da interpretação metafísica das narrativas míticas dos gregos, dos africanos (iorubanos) e da Bíblia.

Filme – Pedra da Memória (Renata Amaral)

Sinopse: Pedra da Memória é um documentário musical que propõe uma investigação estética entre os gêneros tradicionais dos dois países (Brasil e Benin, na África Ocidental), revelando seus vínculos e particularidades, em uma aproximação poética conduzida pela memória do babalorixá Euclides Talabyan e os desenhos de Carybé.

Estéticas Periféricas

Alan da Rosa

Paulistano, morador do Jardim Miriam no extremo sul da cidade de São Paulo é capoeirista, militante, educador e poeta marginal. Graduado em História e mestre em Cultura e Educação, ambos pela Universidade de São Paulo. Vem se dedicando à organização de cursos independentes de cultura e arte negra nas periferias paulistanas e na formação de professores para ensino de cultura de matriz afro.

Afro Break Crew

É um grupo de Breaking, criado em 2004 por jovens do Espaço Cultural Beija-Flor em Diadema. Seu nome surgiu como uma homenagem à influência que a cultura africana e toda a sua diversidade trazem ao povo brasileiro, bem como à sua comunhão com o Break – modalidade da dança que também recebeu influência dos povos africanos e que, apesar de ter adquirido sua identidade em um ambiente urbano, também é uma cultura que resiste através da sua própria renovação. O grupo tem como objetivo unir e estudar as linguagens da música e da dança e reapresentá-las lúdica e criticamente, através de performances e espetáculos artísticos para todos.

Filme Hip Hop(e) in the Favela (Lamartine Silva)

Sinopse: O filme tem como personagem principal o fundador do Movimento Organizado do Hip Hop no Brasil (MHHOB), Lamartine Silva, mais conhecido como Negro Lamar e Preto Góes. HIP HOP(e) in the Favela, um trocadilho com a cultura Hip Hop e a palavra ‘hope’, que significa esperança em inglês, é um documentário que mostra o surgimento de uma nova geração de ativistas do hip hop, formada por jovens engajados e com consciência política.

Relações Étnico Raciais

Luciane Ramos-Silva

Paulistana, dançarina doutoranda em dança e mestre em antropologia social pela UNICAMP. Desenvolve pesquisa focada nas re-invenções das Áfricas nas mitologias do corpo brasileiro abordando a técnica Germaine Acogny (École de Sable). Atua no campo dos estudos fricanos, afro-diasporicos e suas encruzilhadas.

Renata Lima

Paulistana, capoeirista, dançarina, é professora do curso de Licenciatura em Dança da Universidade Federal de Goiás, líder do Núcleo de Pesquisa e Investigações Cênica Coletivo 22. É Doutora em Artes (2010) pelo Programa de Pós-graduação em Artes da Unicamp, com projeto “Corpo Limiar e Encruzilhadas: Capoeira Angola e Sambas de Umbigada no processo de criação em Dança Brasileira Contemporânea”.

Filme – Um filme de Dança (Carmem Luz)

Sinopse: “E os negros? Onde estão os negros? – eis a pergunta que os brasileiros deviam se fazer uns aos outros”. O filme é uma homenagem à perseverança de bailarinos e coreógrafos negros. Um tributo ao corpo negro, dono de sua própria dança.

Gênero

Flip Couto

Dançarino e pesquisador das Danças Urbanas, artista, educador e agitador cultural especializado em dança. Em sua performance intitulada “Sangue”, trabalha a transparência trazendo à tona temas que sofrem processos de silenciamento como homoafetividade negra e o estigma do HIV. Desde 2002 trabalha com a cia. Discípulos do Ritmo e, atualmente, com a cia. Sansacroma.

Filme – Mulheres Negras: Projetos de mundo (Day Rodrigues)

Sinopse: Nove mulheres, muitas vozes do presente, sem perder as referências do passado. Dirigido por Day Rodrigues e Lucas Ogasawara, o documentário independente levanta questões e instiga em poéticas as minúcias do que é ser mulher negra no Brasil.

Crédito da foto: Daniel GTR | Cena de Encruzilhada

Serviço/Programação

Junho

Dias 05 e 06 (ter e qua) das 9h às 13h
Vivencia com Luciane Ramos
Bate-papo sobre as relações étnicas raciais
Duração: 4 h | Recomendação: Livre
Local: Oficina Cultural Alfredo Volpi
Rua Américo Salvador Novelli, 416 – Itaquera, São Paulo – SP

Dia 9 (sab) às 13h
Espetáculo “Encruzilhada”
Duração: 50min | Recomendação: Livre
Local: Biblioteca Paulo Duarte
R. Arsênio Tavolieri, 45 – Jardim Oriental, São Paulo – SP

Dias 23 e 24 (sab e dom) das 11 às 15h
Vivencia com Renata Lima
Vivência prática e teórica que aborda a temática étnico racial
Duração: 4 h | Recomendação: Livre
Local: Oficina Cultural Alfredo Volpi
Rua Américo Salvador Novelli, 416 – Itaquera, São Paulo – SP

Dia 24 (dom) às 16h
Espetáculo “Encruzilhada”
Duração: 50min | Recomendação: Livre
Local: Casa de Cultura de São Mateus
Rua José Francisco dos Santos, 502 – Jardim Tiete – São Paulo – SP

Julho

Dias 04 e 05 (qui e sex) das 16h às 20h
Vivencia com Alan da Rosa
Bate-papo sobre as estéticas periféricas
Duração: 4 h | Recomendação: Livre
Local: Oficina Cultural Alfredo Volpi
Rua Américo Salvador Novelli, 416 – Itaquera, São Paulo – SP

Dia 08 (dom) às 18h30
Espetáculo “Encruzilhada”
Duração: 50min | Recomendação: Livre
Local: Sarau Urutu
Rua Urutu, s/n – Vila Jacuí – São Miguel Paulista

Dia 20 (sex) às 19h
Espetáculo “Encruzilhada”
Duração: 50min | Recomendação: Livre
Local: Slam da Guilhermina
Metrô Guilhermina – Praça Anexa ao metrô Guilhermina – esperança (lado esquerdo ao sair da catraca)
Rua Astorga, 774

Dia 21 (sab) às 14h
Espetáculo “Encruzilhada”
Duração: 50min | Recomendação: Livre
Local: Casa de Cultura do Campo Limpo
R. Aroldo de Azevedo, 100 – Jardim Bom Refugio

Agosto

Dia 5 (dom) das 14h às 18h
Exibição de documentário
Documentário “Hip Hop In Favela” Lamartine Silva e Documentário “Encruzilhada: As marcas de um processo” – Fragmento Urbano
Duração: 4h | Recomendação: Livre
Local: Casa de Cultura Hip Hop Leste
R. Sara Kubitscheck, 165 A – Cidade Tiradentes

Dias 07 e 08 (ter e qua) das 18h às 22h
Vivencia com Lu Afrobreak
Vivência prática aborda a temática estéticas periféricas l
Duração: 4 h | Recomendação: Livre
Local: Espaço Habitat
Rua Professor Francisco Pinheiro, 1150 – Vila Princesa Isabel – Guaianases

Dia 25 (sab) às 15h
Espetáculo “Encruzilhada”
Duração: 50min | Recomendação: Livre
Local: Ocupação Cultural Coragem
(Praça Brasil) Av. Nagib Farah Maluf, s/n – Conj. Res. Jose Bonifacio

Setembro

Dia 27 (qui) às 20h
Espetáculo “Encruzilhada”
Duração: 50 min | Recomendação: Livre
Local: Aparelha Luiza
Rua Apa, 78

Dias 29 e 30 e 08 (sab e dom) às 18h
Espetáculo “Encruzilhada”
Duração: 50 min | Recomendação: Livre
Local: Centro Cultural Galeria Olido
Av. São João, 473 – República

Outubro

Dias 09 e 10 (ter e qua) das 16h às 20h
Vivencia com Flip Couto
Vivência prática e teórica que aborda gênero
Duração: 4 h | Recomendação: Livre
Local: Oficina Cultural Alfredo Volpi
Rua Américo Salvador Novelli, 416 – Itaquera, São Paulo – SP

Dia 19 (sex) das 13h às 17h
Exibição de documentário
Documentário “Mulheres Negras: Projeto de mundo” de Day Rodrigues e Documentário “Encruzilhada: As marcas de um processo” – Fragmento Urbano
Duração: 4h | Recomendação: Livre
Local: Biblioteca Municipal Cora Coralina
Rua Otelo Augusto Ribeiro, 113 – Guaianases

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