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Corpórea Companhia De Corpos estreia primeira obra de sua trilogia

A Corpórea Companhia de Corpos estreia hoje, 17/10, sua nova obra “Rés” no SESC 24 de maio e convida o público para uma grande reflexão sobre a situação de mulheres em situação de cárcere no Brasil, sobre a violência existente neste universo contra o gênero feminino, a vulnerabilidade destes corpos até chegar ao momento da prisão e direciona o olhar para quem são essas mulheres encarceradas de diversas formas (física e metaforicamente).

Para além das grades e cadeados, “Rés” procura lançar o questionamento sobre quantas portas fechadas já existiram, existem e ainda existirão na vida destas pessoas que, de certa forma, são marcadas por serem mulheres negras. A obra faz uma análise também sobre o entorno e sobre as mulheres que acabam levando uma vida de encarceramento por terem companheiros, filhos e outros familiares em situação de cárcere.

Com direção geral de Verônica Santos, “Rés” é uma produção em dança e a primeira obra de uma trilogia em construção da Corpórea Companhia de Corpos, que investiga uma outra forma de pesquisa e um novo olhar sobre como transladar o corpo negro cotidiano para a cena. Na sequência haverá uma montagem em teatro e uma terceira, um espetáculo em dança com aspectos performativos sobre a memoria do corpo e sua máscara, a pele.

Em Rés, a dança é utilizada para apresentar três corpos femininos e negros em cena, que compartilharão as diversas possibilidades de reflexões e denúncias de um aspecto social que está sempre à margem das discussões.

“Usamos os nossos corpos para denunciar o que um corpo negro feminino sente em uma situação de encarceramento. É por isso que a encenação não fala de números estatísticos. Buscamos uma reação da plateia, um incômodo ou simplesmente um estado de inércia. Não porque são expectadores, mas sim por sentirem o peso do encarceramento, queremos remete-los às suas próprias realidades. Em Rés a plateia nunca é um mero observador” – pontua Malu Avelar, uma das criadoras da Corpórea.

Apesar do nome Rés, na obra não existem presidiárias (nem personagem, nem figuras, nem bailarinas), mas sim corpos expostos à situação que representem os diversos tipos de encarceramento. Essa característica reforça a nova forma de pesquisa intencionada pela Corpórea.

Sobre a Corpórea Companhia de Corpos

A Corpórea Companhia de Corpos tem como objetivo evidenciar corpos negros em ações cotidianas demonstrando o protagonismo presente inclusive em ações simples do dia-a-dia. Neste processo de historicizar seus corpos, a partir da trajetória de outros corpos, o grupo busca contextualizar suas referências estéticas, poéticas e políticas, entrelaçadas nesse corpo que se faz urgente e indispensável.

Partindo de questões e reflexões sociais que desempenham o papel do corpo negro na cena, os fundadores: Verônica Santos, William Simplício e Malu Avelar estabelecem a preposição de uma pesquisa que objetiva não somente criar, mas, também resgatar suas ações, produções, memórias e trajetórias, no percurso de suas contemporaneidades na cena.

A Corpórea Companhia de Corpos não se intitula uma companhia de dança, teatro, música ou performance. Como o próprio nome menciona, é uma companhia de corpos que usa da linguagem da “exposição” dos corpos negros para evidenciar o seu devido protagonismo em situações cotidianas.

“Um pedreiro em cena mexendo com a massa e levantando uma parede. Isso é um corpo negro em evidência, expondo a potência máxima da sua existência humana negra e social. Nesta cena ou performance a pesquisa está nos olhares sobre o que se vê. A ação do intérprete e a reação da plateia é um dos campos de pesquisa mais valiosos da Corpórea. Como o nosso corpo faz você sentir, a partir do que nós sentimos” – descreve William Simplício.

Conheça o potente trabalho da Corpórea Companhia de Corpos. Mais informações em www.facebook.com/corporeacompanhiadecorpos

Ficha Técnica

Concepção e Direção: Verônica Santos
Intérpretes Criadores: Débora Marçal, Malu Avelar e Verônica Santos
Direção Musical: Melvin Santhana
Trilha sonora: Melvin Santhana e Manassés Nóbrega
Preparação de corpo cênico: William Simplício
Provocadores: Dina Alves e William Simplício
Iluminação: Danielle Meireles
Figurino: Débora Marçal e Wellington Adélia
Fotógrafo: Gal Oppido
Vídeo Performance: Noelia Nájera
Produção Executiva: UTPA

Crédito da foto: Gal Oppido

Serviço

Rés
Corpórea Companhia De Corpos
Dia 17 de outubro de 2017
Terça, às 21h
Local: SESC 24 de Maio – Teatro – 1º subsolo
R. 24 de Maio, 109 – República – São Paulo/SP
Ingressos: R$ 20,00 (inteira) / R$ 10,00 (meia) / R$ 6,00 (Credencial Plena)
Duração: 50 minutos
Classificação: 12 anos
Informações: (11) 3350-6300

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