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Conversamos com Isabela Maylart e Manuel Gomes, bailarinos do BCSP, sobre A Sagração da Primavera

No ano em que comemora 50 anos o Balé da Cidade de São Paulo preparou uma grande programação comemorativa, com quatro temporadas distribuídas durante todo o ano. A primeira temporada contou com a estreia de Um Jeito de Corpo, de Morena Nascimento, onde a coreógrafa manteve o seu método de criação híbrido e se deixou guiar por sua inspiração nas músicas e no gestual de Caetano Veloso e no elenco do Balé da Cidade de São Paulo.

Já na segunda temporada, intitulada Danças e Quimeras, o público conferiu Adastra, de Cayetano Soto, coreografia já do repertório do Balé da Cidade de São Paulo, se inspira na luta pessoal de cada um na busca de um sonho impossível; é o triunfo alcançado por meio do esforço. E as estreias de Trovador, onde o brasileiro Alessandro Pereira se inspirou na figura do trovador que se expressava por meio da criação e interpretação de composições poéticas na antiguidade, e Deranged, de Cris Haring, inspirado na música I’m deranged, composta por David Bowie em parceria com o músico e produtor Brian Eno em 1995, o trabalho é baseado no método do Liquid Loft, que transforma gravação de voz em sequências de movimento e, finalizando a noite, Epílogo: Um Ícone, de Ismael Ivo.

A terceira temporada das comemorações apresenta para o público a versão de A Sagração da Primavera, coreografia do diretor Ismael Ivo, que se distancia do tradicional ao propor uma reflexão atual das questões ambientais. E para sabermos mais sobre esta versão, conversamos com os bailarinos Manuel Gomes, que fez parte do primeiro elenco da montagem de A Sagração da Primavera, de Luiz Arrieta, realizada pelo Balé da Cidade em 2013, e Isabela Maylart, que dança pela primeira vez em sua carreira essa obra que é considerada um marco para a música e para a dança.

Para Manuel, a principal diferença entre a criação de Arrieta e de Ivo são as escolhas estéticas, “tanto na movimentação quanto no cenário”, e afirma que já ter dançado a primeira versão não foi ponto diferencial que o ajudasse no processo para a nova criação, mas que “já ter uma familiaridade com a música de Stravinsky facilita no momento de se aprofundar na obra, devido a dificuldade da construção musical”. Manuel completa que o mais difícil de dançar uma obra como a Sagração é a de “ligar a parte técnica com a musicalidade complexa e o sentimento que precisa colocar em cena”. O bailarino finaliza dizendo que “o que fica como lição após dançar uma obra dessa é a força para, que como a natureza, se reinventar para seguir em frente”.

A bailarina Isabela Maylart, há dois anos na companhia, acredita que uma das maiores dificuldade dos bailarino ao dançar essa obra é a de aflorar a parte artística do bailarino, uma vez que em A Sagração da Primavera vai muito além da técnica. “Dançar esta versão do Ismael Ivo é um momento histórico para nós, uma vez que existem diversas versões e, agora, uma nova versão feita especialmente para o Balé da Cidade”. A bailarina destaca que um dos grandes desafios de dançar essa obra está na música, que “por não ser quadrada, não é possível contar ‘1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8′”, exige do bailarino um caminho diferente para se encontrar e dançá-la.

Quando da sua estreia, A Sagração da Primavera causou um escândalo para a época, tanto pela música quanto pela dança, e, devido a repercussão da obra na época, a bailarina sente-se curiosa para saber a reação que o público de hoje terá sobre esta versão, “a gente dança pensando em tudo isso, em questão de colocarmos o que sentimos na música, que não é quadrada, e de como o público vai reagir, pois não é apenas executar o movimento, vai além disso”.

Isabela fica feliz ao pensar que “estamos tendo uma versão da Sagração pra nós, e isso é muito importante. A obra me faz olhar para o meu ‘eu interior’, para meu espelho, e temos que olhar pra nós mesmos e vermos o que encontramos ali. Sempre dancei ballet clássico antes de entrar no Balé da Cidade, e quando soube que ia dançar A Sagração da Primavera eu senti que a revolução ia ser igual dentro de mim”. E finaliza dizendo que “acredita que, como bailarina, estará mais preparada para dançar uma próxima obra”.

Confira a entrevista completa em nosso canal no YouTube:

Em dezembro a companhia encerra as comemorações do seu cinquentenário com a reapresentação de Um Jeito de Corpo – Balé da Cidade dança Caetano.

Crédito da foto: Fabiana Stig

Serviço

A Sagração da Primavera
Balé da Cidade de São Paulo
Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo
De 15 e 16 e 18 a 22 de setembro de 2018
Terça a sábado, às 20h, domingo, às 18h
Local: Theatro Municipal de São Paulo
Praça Ramos de Azevedo, s/nº – São Paulo, SP
Ingressos: de R$ 12,00 a R$ 80
Vendas on-line: Eventim
Duração: aprox. 60 min.
Classificação Indicativa: 14 anos
Horário da bilheteria: De segunda a sexta-feira, das 10h às 19h, sábados e domingos, das 10h às 17h.

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