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Ballet Stagium leva Figuras e Vozes ao Teatro Sérgio Cardoso

Figuras e Vozes Foto de Arnaldo Torres (2) media

O Ballet Stagium está na estrada há 44 anos, o que o credencia como a mais longeva companhia do país em atuação. Mas isso seria só uma data, um número, uma referência se não fosse o respaldo artístico que o grupo alcançou nesse quase meio século de vida. Falar de Ballet Stagium é sinônimo de pesquisa fundamentada aliada a qualidade artística.

Agora, em Figuras e Vozes, que tem o apoio do programa O BOTICÁRIO NA DANÇA e faz curtíssima temporada de 27 a 29 de março de 2015 no Teatro Sérgio Cardoso, na Bela Vista, em São Paulo, a companhia se lança no desafio de investigar o estado de espírito dadaísta, como ele emergiu e suas implicações na nossa contemporaneidade.

A pesquisa do Stagium caminhou pelos conflitos da primeira grande guerra mundial, quando o Dadaísmo surgiu com a clara intenção de destruir todos os sistemas e códigos estabelecidos no mundo. Como ideologia, o dadaísmo agregava forte conteúdo anárquico, opondo-se a qualquer tipo de equilíbrio e racionalidade. Nesse sentido, a criação artística da época também adentrava em um novo olhar, que obrigava o espectador a mudar o ângulo de visão.

Em Figuras e Vozes, o aleatório e o acaso brotam como provocação num mundo totalmente institucionalizado e movido pela rapidez das informações, colocando em questão a finalidade das nossas ações. O espetáculo propõe uma nova perspectiva do olhar, com o intuito de recriar nossos valores e rever o nosso universo simbólico, instigando assim a busca das muitas respostas para as nossas eternas perguntas.

Para Décio Otero, idealizador da companhia, “o fato de criar uma companhia independente em 1971 foi um ato de heroísmo no Brasil. Hoje, nesse trabalho, tratando da filosofia do Dadaísmo, nos transportamos para início do grupo, quando do nada criamos uma companhia atuante, consistente e referencial. E assim continuamos, mais de quarenta anos depois, transformando o nada em algo que sempre acaba nos surpreendendo”. Márika Gidali, também fundadora do Stagium, complementa: “É divertido ter liberdade total de criação e ao mesmo tempo nos darmos o direito de brincar com esta utopia. O respaldo veio, logicamente, da bagagem consistente desses anos todos, que foi um aprendizado diário”. Sobre a persistência da companhia em estrear trabalhos e continuar na estrada, o diretor conclui que o romantismo talvez seja o motivo de estarem lutando sempre: “Desde o nosso encontro em 1971, sempre fomos românticos em todos os sentidos, acreditamos que a nossa opção de vida atua de alguma forma na sociedade que estamos inseridos, daí a nossa insistência”.

BALLET STAGIUM – HISTÓRICO

O Ballet Stagium é uma companhia de dança contemporânea, reconhecida nacionalmente por seu projeto de engajamento político. Fundada por Marika Gidali e Décio Otero, em outubro de 1971, na cidade de São Paulo, contou com o apoio e influência da classe teatral local.

A companhia foi fundada em plena ditadura militar, uma época de censura, repressões e violência, de severas punições a qualquer manifestação artística de cunho político, econômico e/ou social.

Temas como o racismo, violência, opressões e genocídios foram retratados em seu repertório, que em parceria com Ademar Guerra, desafiou a censura dançando textos proibidos na época como Navalha na carne, de Plínio Marcos, sob o título Quebras do mundaréu, em 1975.

O Ballet Stagium foi a primeira companhia a utilizar música popular brasileira em sua trilha sonora, e desde sua criação, fez inúmeras viagens por todo o Brasil, do extremo norte ao extremo sul do país, num convés da barca Juarez Távora, durante quinze dias, no Rio São Francisco ou no chão batido das terras indígenas do Alto Xingu, sempre incorporando em seus espetáculos as linguagens dos locais por onde passava, não se restringindo ao eixo Rio de Janeiro – São Paulo.

Com coreografias adaptáveis a qualquer cenário, fizeram e fazem apresentações em pátios de escolas públicas das periferias dos grandes centros, favelas, igrejas, praias, hospitais, estações de metrô ou em presídios.

A companhia conta em sua história com mais de 80 coreografias no decorrer desses 44 anos. Realizou aproximadamente 3359 (três mil trezentos e cinquenta e nove) espetáculos, assistidos por aproximadamente 1 851 692 (um milhão, oitocentas e cinquenta e uma mil, seiscentas e noventa e duas) pessoas, só nos dados estatísticos entre os anos de 1971 e 2009.

FICHA TÉCNICA

Direção: Marika Gidali e Decio Otero
Ideia e Coreografia: Décio Otero
Direção Teatral: Marika Gidali
Roteiro Musical: Décio Otero
Músicas: Rene Aubry, Meredith Monk,Marlui Miranda,Tetê Spindola,Yann Tiersen, Wim Mertens, Arthur Honegger, Hugo Ball, Germaine Albert Birot
Desenho de Luz: Edgard Duprat
Edição Trilha Sonora: Aharon Gidali e Decio Otero
Direção de Arte e Figurino: Marcio Tadeu
Assitência de Figurinos: Sebastiana Maria dos Santos
Graffite Arte: Augusto (Ueny)
Produção: Marika Gidali
Grupo de Pesquisa: Marika Gidali, Decio Otero, Ademar Dornelles, Marcos Veniciu, Fabio Villardi
Poemas: “Karawane” de Hugo Ball e “A Batalha” de Ludwig Kassar
Voz: Marcio Tadeu
Fotógrafos: Arnaldo J.G. Torres
Professores: Decio Otero, Áurea Ferreira
Secretários: Jose Luis Santos Oliveira, Yolanda Gidali
Agradecimentos: Fundação Padre Anchieta – Rádio e TV Cultura e Douglas Canjani
Elenco 2015: Paula Perillo, Eugenio Gidali, Ariadne Okuyama, Glaucio Malheiro, Camila Lacerda, Raony Iaconis, Márcia Freire, Eduardo Mascheti, Renata Medeiros, Gabriel Cardoso, Roberta Silva, John Santos, Bruno Fortunato, Fabio Villardi

SERVIÇO

Figuras e Vozes
Ballet Stagium
27 a 29 de março de 2015
Sexta e sábado, às 21h, domingo, às 18h
Local: Teatro Sergio Cardoso
Rua Rui Barbosa, 153 – Bela Vista – São Paulo – SP
Ingressos: R$ 20,00 (inteira), R$ 10,00 (meia)
Vendas on-line: Ingresso Rápido
Classificação: Livre