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Balé da Cidade de São Paulo apresenta versão moderna de O Quebra-Nozes, do coreógrafo Alex Soares

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Foto: Cassiano Grandi/Divulgação

O novo espetáculo Quebrakovsky – The Nuts Talent Show, do coreógrafo Alex Soares, estreia no dia 09 de novembro no palco do Theatro Municipal.

Nada de fantasioso e infantil na versão inédita e contemporânea de O Quebra-Nozes do Balé da Cidade de São Paulo que encerra a série de apresentações da companhia, em 2016, no palco do Theatro Municipal. O espetáculo Quebrakovsky – The Nuts Talent Show, do brasileiro Alex Soares, estreia em 09 de novembro e a temporada segue até o dia 13, sendo que de quarta a sábado, às 20h, e no domingo, às 17h. A Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo (OSM), sob a regência do maestro Eduardo Strausser, participa de todas as apresentações.

A diretora artística da companhia, Iracity Cardoso, explica que a ideia de fazer uma releitura de “O Quebra-nozes” existe desde 2014. “Graças ao Alex, que aderiu à proposta, vamos fazer. É uma coreografia mais inspirada nos pensamentos do compositor e suas angústias. Por isso, a participação ao vivo da OSM neste espetáculo abrilhanta ainda mais essa encenação”, ressalta.

Junto com O Lago dos Cisnes e A Bela Adormecida, O Quebra-Nozes é um dos três balés mais famosos compostos pelo russo Piotr Ilitch Tchaikovsky, e estreou em 1892 na Rússia. No século XIX, a composição foi encomendada pelo diretor do Teatro Imperial Russo, Ivan Vsevolozhsky. Já a coreografia ficou a cargo de Marius Petipa. A história é baseada no conto “O Quebra-nozes e o Rei dos Camundongos” do escritor romântico Ernst Theodor Hoffmann. Apesar de ter bastante estima pelos trabalhos do autor, Tchaikovsky não gostou do roteiro da obra feito para o balé. A estreia na época foi um fracasso.

Para tentar entender os motivos da frustração do público e da crítica com o resultado do trabalho, Soares foi buscar respostas nos diários do Tchaikovsky. “Existem algumas hipóteses, uma delas é a falta de conexão entre o arco dramático do primeiro ato com o segundo. Na segunda parte, por exemplo, tem uma série de danças que acredito que foram colocadas lá apenas para agradar os bailarinos e solistas”.

Na montagem do Balé da Cidade de São Paulo, essa insatisfação estará presente no próprio boneco “quebra-nozes” que, ao invés de representar o príncipe, aparecerá como o próprio Tchaikovsky. “Enquanto a história se desenrola, de vez em quando, ele vai aparecer e fazer alguns apontamentos ou mostrar um pouco esse descontentamento. O público terá a sensação de que estará assistindo um filme com os comentários do diretor”, explica.

Quebrakovsky – The Nuts Talent Show

Uma das escolhas do coreógrafo foi também trazer a história clássica para os dias atuais. “Nossas relações pessoais estão cada vez mais intermediadas por dispositivos eletrônicos, o celular te avisa de tudo atualmente. É um bombardeio de informação que até nos deixa um pouco alienados”, afirma.

Nesse mundo, estará a Clara, personagem principal do Quebrakovsky. Com dois atos, o espetáculo contará a jornada de uma garota acostumada com o comportamento mais dependente das inovações tecnológicas, mas que no decorrer da história vai aprendendo novas formas de se relacionar. Um dos responsáveis por essa mudança será o par romântico da personagem principal.

Como na história tradicional, quando as cortinas se abrem é véspera de Natal. No entanto, os personagens não se importam com a data, todos estarão na expectativa da final de um programa de talentos, o “The Nuts Talent Show”.

A produção televisiva terá os mesmos moldes das criações internacionais importadas e será mais explorada no segundo ato. “Com suas inúmeras versões no mundo, O Quebra-nozes é uma franquia hoje, igual a esses programas. Por isso eu quis fazer uma crítica ao que a gente entende por entretenimento”. Além disso, as danças espanhola, árabe e chinesa que estão na história tradicional na segunda parte do espetáculo, aparecerão com releituras na montagem do Balé da Cidade durante o programa “The Nuts Talent Show”.

Para esta montagem, alguns recursos tecnológicos também serão usados. É o caso do “Video Mapping”, onde projeções irão flutuar por entre os cenários acompanhando o movimento dos 31 bailarinos da companhia que estarão no palco.

Música e Figurinos

Com uma versão contemporânea, este espetáculo traz apenas da história clássica as músicas e o despertar do primeiro amor da personagem principal: Clara. Tchaikovsky compôs “O Quebra-nozes” um ano antes de morrer. O maestro Eduardo Strausser explica que apesar dos concertos famosos para piano e violino, no século XIX, o autor era celebrado como um compositor de ópera e balé.

Para Quebrakovsky a ordem das músicas da história tradicional foi alterada, o que causará já um primeiro impacto no público que conhece a obra. “O que é importante é conseguir trabalhar um discurso, uma dramaturgia”, afirma Strausser.

O figurino, assinado por Cassiano Grandi, também foi modernizado. Será atemporal, misturando elementos urbanos atuais com roupas características da época em que a obra foi lançada.

ALEX SOARES
Coreografia, iluminação e vídeo

Coreógrafo e videomaker, Alex Soares começou a criar em um workshop para novos coreógrafos do Balé da Cidade de São Paulo, onde ainda atuava como bailarino. Sempre muito interessado em vídeo e suas vertentes, Alex estudou cinema, com intuito de utilizar estes conhecimentos em suas produções cênicas e na criação de videodanças. Sua videodança Por um momento perdido (2009) recebeu o prêmio de melhor vídeo no Festival do Minuto de 2010 e no ano seguinte foi convidado pela Noord Nederlandse Dans a criar uma videodança.

Em 2012, foi um 16 finalistas do International Choreography Competition, evento que anualmente reúne promissores coreógrafos da dança mundial em Hannover. No mesmo ano ganhou o Pretty Creatives International Choreography Competition, o que possibilitou criar Trace in Loss para a Northwest Dance Project de Portland, EUA. Em 2013, criou a obra Link para a Ribeirão Preto Cia. de Dança, que ganhou o Prêmio de Criação Coreográfica do Ano pela Cooperativa Paulista de Dança.

Desde 2010, dirige em São Paulo seu próprio núcleo artístico, o Projeto Mov_oLA, tendo com ele criado, através do Fomento a Dança/SP, coreografias para o Balé da Cidade de Niterói , Corpo de Baile do Amazonas, Balé da Cidade de São Paulo e uma remontagem para a Northwest Dance Project de Portland, Estados Unidos.

Como coreógrafo convidado trabalhou também com companhias como o Balé Teatro Guaíra, Balé Teatro Castro Alves, Cia SESC de Dança e a Hubbard Street Dance Chicago. Para o Balé da Cidade, Alex Soares criou Wii Previsto (2009), Abrupto. (2013) e Cenas a 37 (Eu queria que fosse a 33) (2015).

SERVIÇO

Quebrakovsky – The Nuts Talent Show
Balé da Cidade de São Paulo & Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo – OSM
De 09 a 13 de novembro de 2016
Quarta a sábado, às 20h, e no domingo, às 17h
Local: Theatro Municipal de São Paulo
Praça Ramos de Azevedo, s/nº – Centro – São Paulo/SP
Ingresso: R$ 25 a 90 (meia-entrada para aposentados, maiores de 60 anos, professores da rede pública e estudantes)
Classificação: livre
Duração: 110 minutos, sendo 20 minutos de intervalo entre o primeiro e o segundo ato.