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Bailarina Bárbara Freitas apresenta solo Ethos no Teatro Elis Regina e na praça Giovanni Breda

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Foto: Franciso Reyes

Solo que reconta a trajetória artística da bailarina Bárbara Freitas tem duas apresentações agendadas para novembro em São Bernardo do Campo. Ethos tem apoio de um Proac Primeiras Obras e é baseado em manifestações populares brasileiras e dança africana.

Após estreia na Funarte e apresentações na Praça do Patriarca, ambas em São Paulo, a bailarina Bárbara Freitas apresenta o solo Ethos em São Bernardo do Campo, no Teatro Elis Regina (6 de novembro, 20h; e 8 de novembro, 19h) e na praça Giovanni Breda (10 e 11 de novembro, ao meio-dia). A pesquisa que originou o primeiro solo da artista começou há tempos e foi reforçada pela residência artística que fez no Senegal entre julho e agosto com Germaine Acogny – referência mundial em dança contemporânea africana. “Este trabalho é a maneira de contar meu percurso na dança”, explica a artista.

Além de conhecimento e prática das danças populares brasileiras, como o maracatu e o cavalo marinho, a bailarina também é conhecedora da dança contemporânea africana. O espetáculo não foi criado apenas para os palcos, podendo também ser apresentado em ambientes que “dialoguem” com o corpo da artista.

Ethos, uma relação contextualizada entre corpo e ambiente

Bárbara utiliza diversos elementos para compor sua dança, muitos deles inspirados na cultura popular brasileira. Um deles é o caboclo de lança. No carnaval pernambucano, a emblemática figura é representada por homens com roupas coloridas e alegóricas. O personagem entra com um cravo branco entre os lábios, um símbolo de conexão e de permissão para se integrar aos demais presentes. É com este mesmo símbolo que a bailarina adentra o palco.

Ela ressalta que Ethos não é uma obra de improvisos, mas que há movimentos e “células” de coreografias que criam possibilidades poéticas no local em que ocorre a dança. A atenção ao que ocorre à sua volta também auxiliou outros aspectos do espetáculo: Olivier Kaminski, que assina a criação sonora da obra, caminhou diversas vezes com Bárbara para captar os sons da cidade. “A pesquisa foi ampla. Tentamos compreender a sonoridade dos fluxos de pessoas, da arquitetura e das rotinas”, complementa a artista que também acompanha as mudanças nas apresentações com uma cuíca.

A pesquisa resultou numa trilha fixa com sonoridade inspirada na cidade de São Paulo e em outras cidades visitadas pela intérprete, além de elementos que vão sendo adicionados durante os espetáculos, num jogo que depende da sensibilidade de Bárbara com o público e com Olivier.

A iluminação criada por Beto de Faria também responde aos fluxos de movimentos e sonoridades. “Tentamos traduzir na luz a possibilidade de um local ter muita potência ou ser inóspito”, diz Bárbara. Assim, ela também conta com a colaboração do artista Marcus Braga, que alimenta esse trânsito de informações com suas pesquisas, seus traços e novas imagens que surgem com a sobreposição das ações nesta dança.

Sobre A Escola de Areia e a técnica Acogny

Fundadora da Ecole dês Sables (escola de areia em wolof, língua nígero-congolesa), localizada na cidade Toubab Dialaw, no Senegal, Germaine Acogny coordena a companhia Jant-Bi (sol, em wolof), ao lado do marido Helmut Vogt. A técnica Acogny, criada por Germaine Acogny, é uma síntese de diversas danças tradicionais da África. O método trabalha o movimento a partir da coluna, considerada, nos termos da própria bailarina, como “a serpente da vida”. As torções e contrações, elementos frequentes da dança moderna africana, são recorrentes na técnica.

“Ela traduz no corpo a energia e potência de diversos seres, como plantas e animais”, diz Bárbara, que tem a dança africana e a cultura popular como foco de pesquisa desde seu início na dança. Algumas das inspirações no movimento cotidiano marcaram a experiência da bailarina que pesquisa seu solo com o intuito de traduzir em seu corpo o cotidiano da cidade natal. Neste sentido, uma curiosidade são os nomes de alguns movimentos da técnica Acogny que compõem dança e paisagem local, por exemplo, a estrela-do-mar, a palmeira e o baobá.

Cerca de 40 bailarinos participaram da residência intercontinental que propõe o engajamento e resistência da dança negra. Segundo a artista, a viagem foi o cumprimento da necessidade de visitar e viver a dança em diferentes contextos e reconectar suas fontes de inspiração com sua cultura, seu Ethos (palavra grega usada para descrever conjuntos de hábitos ou crenças pertencentes a uma comunidade). A cidade senegalense Toubab Dialaw fica à beira da rota marítima que levava cidadãos africanos para fora do continente a título de escravidão. “Importante estar neste momento neste espaço e ter a oportunidade de conhecer de perto esse Ethos que nos caracteriza como um coletivo, uma comunidade”, complementa Bárbara.

Além de bailarinos do próprio continente, a residência – que acontece de dois em dois anos – também acolhe artistas vindos do mundo inteiro. A escola tem dois estúdios de dança (o principal deles com 400m² de chão coberto de areia). Os alunos residentes ficam em chalés oferecidos pela própria escola. Bárbara participou da atividade junto com alunos vindos da França, Espanha, Guadalupe, Cuba e Benin, Costa do Marfim, Filipinas entre outros países.

SOBRE BÁRBARA FREITAS

Bárbara Freitas é bailarina e artista-educadora com experiência em diferentes projetos socioeducativos, como os Programas Piá e Vocacional, em SP, com uma abordagem nas pesquisas que iniciou em 2004 com as danças populares do Brasil. Atua como intéprete, co-criadora e assistente de direção em performances, parcerias e iniciativas de difusão e criação da dança dentro e fora dos palcos. Participou de grupos paulistanos vinculando suas referências e sua formação à arte contemporânea e trilhando um percurso em diálogo com as diversas linguagens artísticas na Cia Artesãos do Corpo, Núcleo Manjarra, Grupo Afro Ilu Obá de Min e Núcleo Pé de Zamba.

FICHA TÉCNICA DE ETHOS

Concepção e interpretação: Barbara Freitas.
Orientação: Andreia Yonashiro.
Colaboradores: Laura Salvatore, Ana Brandão, Natália Fernades e Rodrigo Caffer.
Criação sonora: Olivier Kaminski.
Figurino: Maria Gomes.
Arte Gráfica: Marcus Braga.
Criação e operação de luz: Beto de Faria e Rafael Araújo.
Registro Audiovisual: Felipe Teixeira e Francisco Reyer.
Produção Executiva: Cais Produção Cultural.
Direção de Produção: José Renato Fonseca de Almeida.
Assistente de Produção: Larissa Verbisk.

SERVIÇO

Ethos
Bárbara Freitas
Dias 06, 08, 10 e 11 de novembro de 2015
Terça e quarta, às 12h, sexta, às 20h, e domingo, às 19h
Ingressos: Grátis
Classificação: Livre
Duração: Aproximadamente 35 minutos

06 e 08 – Teatro Elis Regina
Avenida João Firmino, 900 – Assunção – São Bernardo do Campo/SP – 09810-250

10 e 11 – Praça Giovanni Breda
Praça Giovani Breda, s/n – Assunção – São Bernardo do Campo/SP