DestaqueEspetáculosWorkshop

9º Circuito Vozes do Corpo leva espetáculos gratuitos de danças contemporâneas à Fábrica de Cultura do Jardim São Luís

Ganhador do prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) no quesito Projeto-Programa-Difusão e Memória, o Circuito Vozes do Corpo chega a sua nona edição reconhecida por zelar pela diversidade nas danças contemporâneas. De 04 a 25 de agosto de 2018, o público de São Paulo terá a oportunidade de assistir vários espetáculos gratuitos na Fábrica de Cultura do Jardim São Luís (Rua Antônio Ramos Rosa, 651) na Zona Sul da cidade.

Companhias de Dança, coletivos, solos e apresentações de rua integram a vasta programação desta que é uma das mais importantes mostras de dança de São Paulo. Criada pela Cia. Sansacroma, o Circuito é um festival pioneiro de danças contemporâneas na periferia sul de São Paulo. O evento contribui anualmente para a democratização do acesso a esta forma de produção. Com tradição de oito anos de existência – sem interrupção – compõe a agenda oficial de eventos em dança da cidade.

“Essa edição do Circuito Vozes do Corpo representa a consolidação de um projeto potente e necessário, pois trás em sua programação uma pluralidade nacional da produção em dança de pesquisa. Essa edição será um grande encontro de pensadores e geradores de conhecimento. Será terra fértil para muitas articulações e trocas poéticas e políticas”, explica Gal Martins, curadora da mostra e criadora da Cia. Sansacroma.

“Vozes do Corpo, é o nome que se dá para nossas danças, gestos e movimentos. Nessa edição as vozes dos corpos promovem comunhão entre os envolvidos, as trocas poéticas da residência transbordam também em uma programação que entrega para a selva de pedra manifestações artísticas engajadas nos seus fazeres, com pesquisas, estudos, trabalho e o essencial para a construção de diálogo, a escuta dessas vozes”, explica Djalma Moura, um dos curadores da Mostra.

Programação

Dia 04 de agosto, sábado

14h – Workshop de Parkour – O artista de dança Felipe Cirilo ensina neste workshop como aproveitar os conceitos da modalidade Parkour na dança contemporânea.

20h – Cia. Sansacroma, espetáculo “Sociedade dos Improdutivos. O questionamento central do espetáculo contrapõe o corpo que é socialmente invalidado ao corpo que é socialmente produtivo. O primeiro é marginal portador de algum tipo de loucura. O segundo é medicado, incluído e sujeitado ao modo de vida capitalístico – corpo explorado até o esgotamento das suas capacidades produtivas. Trata-se da invalidez da reprodução. Força invisível chamada de loucura, transcender coletivo. A não-adequação social produtiva. É solidão. É a história, um itinerário da loucura em fusão para um embate contra o capital. O controle ocidental contrapondo a corporeidade do imaginário africano. São vozes potentes, negras, de territórios e seus povoamentos. Um cotidiano dos que estão à margem e dos que não estão. São vozes da “Sociedade dos Improdutivos”. Duração: 50 minutos

Dia 08 de agosto, quarta-feira

20h – Grupo Contemporâneo de Dança Livre – espetáculo “Queda da própria altura”. O Caboclo de lança – uma personagem da cultura popular brasileira – aparece misturado com o tráfego de ônibus no centro da cidade. O carro de boi e o vaqueiro colidem com a tecnologia e os likes. O cotidiano e o fantástico habitam o mesmo espaço e os tempos transitórios de cada um deles podem viver dentro do mesmo corpo. O espetáculo evoca o transe de um corpo feminino exposto aos dilemas da metrópole e ao resgate de suas raízes. Uma mulher sempre alerta aos ataques sofridos em seu corpo por gerações.

21h – Pedro Galiza e os Corações Inéditos – espetáculo ‘’Acidentes’’. Propõe um atrito entre a sua percepção física, bem como a percepção da audiência. Para tanto, o mesmo convida o público a se sentar em qualquer lugar do espaço, mediante o uso de um conjunto de cadeiras. Logo depois o mesmo aciona materialidades físicas que desestabilizam o corpo. Duração: 50 minutos

Dia 09 de agosto, quinta-feira

20h – Inah Irenan – espetáculo “Da própria pele não há quem fuja”. A dramaturgia transita entre memórias pessoais e nas ressignificações destas manifestações na composição coreográfica. O corpo festivo e sagrado se apresenta como encruzilhada, lugar de encontros e desencontros, lugar de chegada e partida de identidades em fluxo e compartilhamentos de heranças/legados ancestrais afro-brasileiros. No palco, a ancestralidade é recuperada através de coreografias contemporâneas que exploram ideias e elementos que remetem à simbologia dos orixás e de manifestações populares como Zambiapunga e Mandus.

Dia 10 de agosto, sexta-feira

20h – Coletivo 22, espetáculo “Rubro” – é o espetáculo de dança do Núcleo Coletivo 22, um solo de Wellington Campos, que recebe o desafio de percorrer o universo simbólico da mulher tão marcado pela presença do sangue. O sangue: maldito e sagrado!

21h – Morgana Apuama, espetáculo “Risko”. É um espetáculo-performance que propõe o diálogo entre a dança, a fotografia e a cidade. Através dele a artista Morgana Apuama desenvolve em sua dramaturgia diferentes aspectos estéticos-corporais, a fim de debater a luta contra o machismo e racismo na sociedade. Duração: 40 minutos

Dia 11 de agosto, sábado

14h – Workshop “Txina ka Missava”, com o moçambicano Jorge Armando Ngalanga, convida a experienciar a dança como veículo de comunicação com a Terra e como meio de expressão da liberdade. Proporciona a vivência das relações férteis entre o corpo tradicional e o corpo contemporâneo dando ênfase ao movimento rítmico e ao contato do corpo com o solo. Compartilha elementos de danças moçambicanas tradicionais como Nondje, Mapico, Chigubo, Limbondo, Makwae e Ngalanga (dança originária da timbila).

20h – Compartilhando Residência – compartilhamento e trocas entre as Cia. Sansacroma, ExperimentandoNus e Wally Fernandes. As ações envolvem trocas de saberes e pesquisas através de laboratórios de criação mediados pelos três grupos e apresentação de espetáculos. A proposta ainda inclui um momento de compartilhamento público dos processos realizados pelos laboratórios.

Dia 14 de agosto, terça-feira
(Mostra de Rua, Praça Piraporinha – Estrada do M’Boi Mirim, 1000, São Paulo, SP)

15h – Claudia Mueller, espetáculo “Dança Contemporânea em domicílio”. Uma dança que investiga a experiência de entregar dança contemporânea em locais onde ela não é esperada, buscando espaços despercebidos, brechas no cotidiano.Qualquer pessoa pode solicitar gratuitamente Dança Contemporânea em Domicílio em qualquer lugar que queira recebê-la. Duração: 50 minutos

16h – Claudia Mueller, Dança Contemporânea em Domicílio

17h – Claudia Mueller, Dança Contemporânea em Domicílio

Dia 15 de agosto, quarta-feira
(Mostra de Rua, Praça Piraporinha – Estrada do M’Boi Mirim, 1000, São Paulo, SP)

19h30 – Grupo Vão, espetáculo “No hay banda é tudo playback”. No
espetáculo, subitamente, as artistas surgem no espaço em meio ao público e performam através do dispositivo de dublagem Lip Sync hits remixados dos anos 90. Interessadas no universo paradoxal da cultura pop, que é ao mesmo tempo massificadora e provocadora, a playlist selecionada tenciona essa relação a partir de um recorte nacional e internacional de músicas interpretadas por mulheres. Duração: 30 minutos

21h – T.F. Style, espetáculo “Carne Urbana” – O trabalho busca refletir sobre a fisicalidade dos corpos urbanos e as transformações do corpo, revelando percepções ora silenciadas internamente, ora escancaradas no bando, e que emanam nesta exposição de carnes.

Dia 16 de agosto, quinta-feira

18h – Fórum Danças Contemporâneas: Corporalidades Plurais – Reflexão sobre o atual panorama da dança e como as danças ditas periféricas puderam influenciar este panorama mais heterogêneo nas premiações de editais e prêmios da crítica.

20h – Djalma Moura, espetáculo “Depoimentos para Fissurar a pele” – Iansã é o Orixá que dá corpo para esse trabalho. Inserida diretamente nas coreografias, os movimentos de palco concentram-se em seus arquétipos e analogias em relação á natureza – sejam elas dentro do aspecto animal ou de tempo – como os ventos, as tempestades, os raios, o búfalo: todos estes elementos são utilizados como disparadores do processo criativo das danças e movimentos de “Depoimentos para fissurar a pele”.

Dia 17 de agosto, sexta-feira

20h – Coletivo Tripé, espetáculo “Fraturas” – Fruto da sinergia gerada pelo encontro da paulista Cia. Siameses com o Coletivo Tripé, “Fraturas” propõe, para o próprio intérprete, uma atenção especial para cada dobradura do corpo, concatenando um movimento ao outro como se, quem executa, estivesse a desenhar no espaço sua própria presença.

21h – Luciane Barros, espetáculo “Olhos nas costas e um riso irônico no canto da boca”. É uma espécie de travessia, num sentido atlântico e contra- hegemônico, onde o corpo é a um só tempo lócus da diferença e da anunciação crítica. Entre imaginários, ficções e camadas de histórias interrogam as lógicas e relações que produzem “os semelhantes” e “os outros”

Dia 18 de agosto, sábado

14h – Dança Afro Contemporânea – A oficina ministrada por Tainara Ferreira traz Ritmos originários e criados provenientes da África como Ijexá, Congo, Ilú, Maracatú, Samba Reggae, Samba de Roda, Batá, Capoeira são resultados dessa influência africana da qual surge a Dança Afro Brasileira e farão parte do cronograma no decorrer do curso. Valorizando assim a identidade do povo brasileiro em sua essência cultural afrodescendente que reflete a energia e o vigor na atmosfera desse país.

16h – Dual Cena Contemporânea, espetáculo “Tríptico sertanejo”. A dança mergulha no vasto e multifacetado mundo do sertão brasileiro, com a intenção de decifrar suas paisagens, sua gente e suas lendas para compor uma perspectiva de seu ideário e de suas mitologias. O espetáculo organiza-se a partir de um tríptico, uma obra em três partes interconectadas, que abordam o pujante mito dos bandeirantes (“Tropeiros”), as lendas femininas do cangaço (“Maria e Dadá”), e o cenário pós-guerra de Canudos (“Canudos”). Acenando para o cenário vivo dos sertões do Brasil, o espetáculo traz personagens inesperados, que encenam as relações míticas e lendárias do contexto rural brasileiro, proporcionando aos espectadores um olhar histórico e cultural ao resgate das memórias sertanejas.

20h – Thiago Cohen, no espetáculo “Burua Izali”, realiza um exercício para ritualizar o corte da própria cabeça.

21 de agosto, terça-feira
(Mostra de Rua, Praça Piraporinha – Estrada do M’Boi Mirim, 1000, São Paulo, SP)

16h – Everton Ferreira e Iolanda Sinatra, espetáculo “180”. É uma ação coletiva em que 5 performers realizam um giro de 180° em torno de si mesmo por um período dilatado de tempo. Os performers, com o suporte do figurino e máscaras de grama, buscam entender como ‘estar plantado’ em meio à cidade pode não somente deslocar a si próprio, como também aos transeuntes, deste ritmo previamente dado pelo ambiente. Esta ação proporciona uma paisagem quase que surrealista por ruas, praças e calçadões, ao criarem no público a seguinte questão: são pessoas reais ou apenas esculturas espalhadas aleatoriamente pelo espaço?

22 de agosto, quarta-feira

18h – Diálogos Desvio Padrão – “A diversidade das experiências estéticas e sensoriais possíveis”. O encontro traz à tona a discussão sobre formação de público pelo viés da diversidade e chama a atenção para as possibilidades de construção estética a partir de e para as diferentes capacidades humanas, abordando temas como acessibilidade cultural e acessibilidade estética. Com: Maria Fernanda Carmo e Mariana Farcetta

20h – Edson Raphael – Gbé ou Quando o Corpo Renasce Negro – Numa encruza consigo mesmo, onde cada viela indica uma face de sua negritude, a travessia só aponta um caminho reencontro e reapropriação de seu corpo, sexo, ancestralidade e criação de sua relação com o mundo. Gbé ou Quando o Corpo Renasce Negro propõe um manifesto físico ritual do instante em que o sujeito negro se torna negro.

23 de agosto, quinta-feira

20h – Diversidança (Mostra de Rua) – espetáculo “Manifesto para outros manifestos”. O objetivo do manifesto é ocupar espaços urbanos com apresentações de dança. A ideia é tornar esta arte mais acessível à população e, ao mesmo tempo, proporcionar reflexões, não só nos espectadores, como nos artistas, no sentido de se questionarem porque dançam e como sua arte pode ser realmente transformadora. Em meio ao caos urbano, à pressa das pessoas, ao estresse do trabalho, do trânsito, a dança da Cia surge como ponto de fuga para o olhar do transeunte/espectador constantemente embebido pela rotina da cidade.

21h – Zona Agbara – Vênus Negra, um manual de como engolir o mundo! Através de uma singela homenagem à Saartjie, a Vênus Negra, mulher africana que há dois séculos foi exibida em uma jaula na Europa por ter proporções avantajadas, o espetáculo propõe exorcizar a condição vivida por ela, transpondo essa problemática para o nosso tempo. Quatro corpos que se desnudam e se lançam na experiência singular de traduzir os processos que tangem suas existências e suas relações sociais.

24 de agosto, sexta-feira

20h – Luara Moreira, espetáculo “Flecha”. A peça aborda a utilização da cor vermelha no corpo como ato de força e reivindicação. A performer tinge seu rosto de vermelho para desfazê-lo, borrar sua identidade, escavar a pele pra sair de si e voltar-se em outras, agenciando ancestralidades e potências de um corpo-cor em transmutação que rasga e conquista territórios.

21h – Dual Cena Contemporânea – Tríptico Sertanejo – A peça mergulha no vasto e multifacetado mundo do sertão brasileiro, com a intenção de decifrar suas paisagens, sua gente e suas lendas para compor uma perspectiva de seu ideário e de suas mitologias. O espetáculo organiza-se a partir de um tríptico, uma obra em três partes interconectadas, que abordam o pujante mito dos bandeirantes (“Tropeiros”), as lendas femininas do cangaço (“Maria e Dadá”), e o cenário pós-guerra de Canudos (“Canudos”). Acenando para o cenário vivo dos sertões do Brasil, o espetáculo traz personagens inesperados, que encenam as relações míticas e lendárias do contexto rural brasileiro, proporcionando aos espectadores um olhar histórico e cultural ao resgate das memórias sertanejas.

25 de agosto, sábado
(Mostra de Rua, Rua Aroldo de Azevedo, 20 – Campo Limpo)

15h – Coletivo Desvelo – espetáculo “Serei-A”. A peça investiga nos corpos de quatro bichas periféricas a construção de uma dança que promova uma encruzilhada entre etéreo e o esquisito; a chacota e o glamour; a densidade e suspensão dos corpos entregues a intervenção que em um mergulho profundo, encontra parceria na escuridão e assim submergem sereias.

16h – Núcleo Avoa, espetáculo “Solos de Rua” – Trata-se de um jogo coreográfico no qual as bailarinas, os músicos e grandes lonas plásticas se afetam mutuamente em contexto urbano, em espaços públicos de grande circulação, misturando-se à paisagem local. Não é possível saber, ao certo, o que emerge de dentro da multidão.

20h – Festa de Encerramento Sansarrada, das 18h às 23h, no CITA Campo Limpo (Rua Aroldo de Azevedo, 20 – Campo Limpo – 5 Minutos do Terminal de ônibus SPTrans)

Crédito da foto: Divulgação| Cena de Risko

Serviço

9º Circuito Vozes do Corpo
De 04 a 25 de agosto de 2018
Local: Fábrica de Cultura São Luis
Rua Antônio Ramos Rosa, 651 – Jd São Luis – São Paulo/SP
Ingresso: Grátis
Informações: (11) 5822-5240

Deixe um comentário